Amanda Gurgel, professora do Rio Grande do Norte, virou heroína da causa de sua classe, a classe dos professores públicos. Num depoimento no qual silencia os deputados em audiência pública, ela, a professora, crítica a situação caótica em seu estado. Ela começou seu Discurso/depoimento de maneira direta e contundente: "Como as pessoas até agora, inclusive a secretária Bethania Ramalho, apresentaram números, e números são irrefutáveis, eu também vou fazê-lo. Apresento um número de três algarismos apenas, que é o do meu salário, de R$ 930". "os deputados deveriam estar todos constrangidos com a educação no estado do Rio Grande do Norte e no Brasil. Não agüentamos mais a fala de vocês pedindo para ter calma. Entra governo, sai governo, e nada muda. Precisamos que algo seja feito pelo estado e pelo Brasil. O que nós queremos agora é objetividade". - Palavras sinceras e fortes, mas que representam o sentimento de todos os professores brasileiros.
Amanda Gurgel não é somente uma professora, ela é também uma militante política desde os tempos de estudante, segundo entrevista sua dada ao site do PSTU. Obviamente o PSTU é o partido ao qual ela está filiada. Não poderia ser de outra forma, pois, no Brasil de hoje, só os militantes da esquerda mais radical têm coragem de enfrentar os poderosos de frente, sem medo de sofrer represálias. Os radicais desafiam os poderes, mas, de uma maneira ou de outra, acabam sendo porta-vozes das mais diversas categorias sociais. Pode-se crucificar o MST, o PSTU e associações afins. Entretanto, não devemos negar o fato de que essas associações cumprem um papel fundamental na sociedade. O papel de mensageiras do povo humilde, mensageiras das minorias, mensageiras das classes trabalhadoras.
Para que uma democracia funcione plenamente é preciso que todos os setores da sociedade tenham voz ativa, faz-se necessário que todos participem da vida de um país. Tem de valer os direitos das classes A, B, C e das classes D e E. O cidadão mais rico do Brasil tem de ter seus direitos respeitados, mas o cidadão mais humilde do Brasil também tem de ter os seus direitos respeitados. Portanto, mesmo que façam baderna às vezes, a sociedade precisa dessa pluralidade de idéias, ainda que alguns não respeitem as instituições. Todavia, em princípio, existem direitos e deveres. Porém, o contraponto dessa balança está justamente nos “quatro” poderes: O Executivo, O Legislativo, O Judiciário e a imprensa.
É incrivelmente bom ver uma classe mal reconhecida pelos governantes, ter o seu paladino. Amanda Gurgel, a mulher que escolheu professar e tornou-se defensora de toda uma classe. Através da coragem dessa mulher muitos brasileiros sentiram uma pontinha de orgulho de ser brasileiros.
"Sou um humanista. Isso não significa ser bonzinho ou acreditar que o homem é bonzão. Significa apenas que aceito o homem como é - medroso, primário, invejoso, incapaz, acertando por acaso e errando por vaidade: meu irmão." - Millôr Fernandes
sábado, 21 de maio de 2011
sábado, 14 de maio de 2011
Amigo aprendiz (Fernando Pessoa)
Quero ser teu amigo,
Nem demais e nem de menos…
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te como próximo, sem medida…
E ficar sempre em tua vida.
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade.
Sem jamais te sufocar,
sem forçar a tua vontade.
Sem falar quando for a hora de calar
e sem calar quando for a hora de falar.
Nem ausente nem presente por demais…
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo,
mas confesso: É tão difícil aprender…
Por isso, eu te peço paciência.
Vou encher este teu rosto
de alegrias, lembranças …
Dê-me tempo
de acertar nossas distâncias !
Fernando Pessoa
terça-feira, 10 de maio de 2011
Máscara do sorriso (Texto de Autor Desconhecido)
Na China Antiga, um homem chamado Wong, que se sentia hostilizado pelas pessoas da pequena aldeia onde morava. Um dia o senhor Wong foi visitar o sábio da região e então desabafou: cumpro minhas obrigações para com os deuses, sou um bom cidadão, um exemplar chefe de família, vivo praticando a caridade, Por que as pessoas não gostam de mim? E a resposta do mestre foi simples: embora o senhor Wong fosse caridoso, o seu rosto sério levava a todos uma conclusão diferente. Embora ele fosse muito rico, era pobre de "alegria" e "cordialidade" e, por outro lado, nunca sorria, embora ajudasse as pessoas.
O sábio deu ao senhor Wong uma máscara sorridente que se ajustava perfeitamente ao seu rosto. Advertiu-o, entretanto, de que se algum dia a tirasse do rosto, não conseguiria recolocá-la. No primeiro dia em que Wong saiu à rua, todos começaram a cumprimentá-lo e em pouquíssimo tempo já estava cheio de amigos. Mas, um dia, chegando à conclusão que as pessoas não gostavam dele, mas da máscara, pensou: é preferível ser hostilizado, a ser estimado por uma máscara falsa. Foi até ao espelho e retirou a máscara sorridente. Mas que surpresa... o seu rosto tornara-se também sorridente, assumira as expressões e o sorriso da máscara...
"O que você é internamente é uma conseqüência do que você mostra externamente"
quarta-feira, 4 de maio de 2011
JOSÉ (Carlos Drummond de Andrade)
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade
domingo, 1 de maio de 2011
A balança (Texto de Autor Desconhecido)
Quando menino eu vivia brigando com meus companheiros de brinquedos. E voltava para casa lamuriando e queixando-me deles. Isto ocorria, as mais das vezes, com Beto, o meu melhor amigo.
Um dia, quando corri para casa e procurei mamãe para queixar-me do Beto ela me ouviu e disse o seguinte:
- Vai buscar a sua balança e os blocos.
- Mas, o que tem isso a ver com o Beto?
- Você verá... Vamos fazer uma brincadeira.
Obedeci e trouxe a balança e os blocos. Então ela disse:
- Primeiro vamos colocar neste prato da balança um bloco para representar cada defeito do Beto. Conte-me quais são.
Fui relacionando-os e certo número de blocos foi empilhado daquele lado.
- Você não tem nada mais a dizer? Eu não tinha e ela propôs: Então você vai, agora, enumerar as qualidades dele. Cada uma delas será um bloco no outro prato da balança.
Eu hesitei, porém ela me animou dizendo:
- Ele não deixa você andar em sua bicicleta? Não reparte o seu doce com você?
Concordei e passei a mencionar o que havia de bom no caráter de meu amiguinho. Ela foi colocando os blocos do outro lado. De repente eu percebi que a balança oscilava. Mas vieram outros e outros blocos em favor do Beto.
Dei uma risada e mamãe observou:
- Você gosta do Beto e ficou alegre por verificar que as suas boas qualidades ultrapassam os seus defeitos. Isso sempre acontece, conforme você mesmo vai verificar ao longo de sua vida.
E de fato. Através dos anos aquele pequeno incidente de pesagem tem exercido importante influência sobre meus julgamentos. Antes de criticar uma pessoa, lembro-me daquela balança e comparo seus pontos bons com os maus. E, felizmente, quase sempre há uma vantagem compensadora, o que fortalece em muito a minha confiança no gênero humano.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
As bananas (Lenda Oriental)
Um peregrino resolveu passar algumas semanas num mosteiro do Nepal.
Certa tarde, entrou num dos muitos templos do mosteiro, e encontrou um monge, sorrindo, sentado num dos bancos.
- Por que o senhor sorri ? - perguntou ao monge.
- Porque entendo o significado das bananas - disse o monge, abrindo a bolsa que carregava, e tirando uma banana podre de dentro.
- Esta é a vida que passou e não foi aproveitada no momento certo, agora é tarde demais.
Em seguida, tirou da bolsa uma banana ainda verde.
Mostrou-a e tornou a guardá-la.
- Esta é a vida que ainda não aconteceu, é preciso esperar o momento certo - disse.
Finalmente, tirou uma banana madura, descascou-a, e dividiu-a com o peregrino, dizendo :
- Este é o momento presente. Saiba vivê-lo sem medo.
(Lenda oriental)
sexta-feira, 22 de abril de 2011
22 de abril, dia internacional do Planeta Terra.
Para tentar abocanhar um naco das novas terras descobertas pelos espanhóis, Portugal, pequeno país do Oeste Europeu, reuniu um contingente de cerca de 1.500 homens a bordo de 13 embarcações, as chamadas Naus, e rumou para "mares nunca d´antes navegados". Estava à frente da expedição o homem que entraria para a história: Pedro Álvares Cabral. Deste desse dia 22 de abril até os dias de hoje já se vão 511 anos. Apesar de dilapidarmos as reservas naturais deste maravilhoso Mundo Novo e massacrarmos os nativos que aqui habitavam, a vida continua e ainda nos damos ao luxo de possuirmos uma das maiores reservas ambientais do planeta. Mas até quando?
Desde os anos 70, o IBAMA comemora o dia do Planeta Terra no dia 22 de abril, coincidindo com as comemorações do descobrimento do Brasil. Atuando de modo concomitante com ONGs o órgão brasileiro tem travado uma batalha inglória na busca pela preservação de nosso patrimônio. Segundo o mesmo órgão o país tem atingido seus objetivos no que tange à conscientização da população no que se refere à questão ambiental.
O planeta Terra tem, aproximadamente, cinco bilhões de anos, e muitas são as teorias a respeito de seu surgimento. Para ficar como atualmente a conhecemos, a Terra passou por eras glaciais, terremotos, maremotos e todo tipo de intemperismo, é, até meteoros caíram sobre a velha senhora. Antes parcamente habitada, a população humana hoje contabiliza mais ou menos seis bilhões de pessoas e este é o grande desafio que a humanidade terá de enfrentar nos próximos anos.
Entretanto, nós, terráqueos, não damos o valor que este incrível planeta merece. Uma prova disso é que Al Gore, então candidato à presidência dos Estados Unidos da América, foi derrotado por George W. Bush. Os dois são antagônicos. Enquanto Al Gore milita em favor do meio ambiente, Bush é refém da indústria pesada estadunidense. Um defende a preservação o outro a poluição, a “depredação”.
Todas as populações do mundo querem o padrão alcançado por americanos e europeus, mas não é possível, como resolver a questão? Não sei, este é um imbróglio que terá de ser resolvido, não se sabe quem cederá primeiro, os ricos ou os pobres, mas o mundo precisa chegar a um consenso.
Um futuro saudável para o planeta depende de todos. Os menores gestos podem fazer a diferença. Após tantas tragédias naturais começo a pensar que os “ecochatos” talvez estejam com a razão. A Terra precisa de respeito. Então comecemos a tratá-la com carinho, ela agradece.
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