quarta-feira, 27 de abril de 2011

As bananas (Lenda Oriental)


Um peregrino resolveu passar algumas semanas num mosteiro do Nepal.

Certa tarde, entrou num dos muitos templos do mosteiro, e encontrou um monge, sorrindo, sentado num dos bancos.

- Por que o senhor sorri ? - perguntou ao monge.

- Porque entendo o significado das bananas - disse o monge, abrindo a bolsa que carregava, e tirando uma banana podre de dentro.

- Esta é a vida que passou e não foi aproveitada no momento certo, agora é tarde demais.

Em seguida, tirou da bolsa uma banana ainda verde. 

Mostrou-a e tornou a guardá-la.

- Esta é a vida que ainda não aconteceu, é preciso esperar o momento certo - disse.

Finalmente, tirou uma banana madura, descascou-a, e dividiu-a com o peregrino, dizendo :

- Este é o momento presente. Saiba vivê-lo sem medo.


(Lenda oriental)



sexta-feira, 22 de abril de 2011

22 de abril, dia internacional do Planeta Terra.



Para tentar abocanhar um naco das novas terras descobertas pelos espanhóis, Portugal, pequeno país do Oeste Europeu, reuniu um contingente de cerca de 1.500 homens a bordo de 13 embarcações, as chamadas Naus, e rumou para "mares nunca d´antes navegados". Estava à frente da expedição o homem que entraria para a história: Pedro Álvares Cabral. Deste desse dia 22 de abril até os dias de hoje já se vão 511 anos. Apesar de dilapidarmos as reservas naturais deste maravilhoso Mundo Novo e massacrarmos os nativos que aqui habitavam, a vida continua e ainda nos damos ao luxo de possuirmos uma das maiores reservas ambientais do planeta. Mas até quando?

Desde os anos 70, o IBAMA comemora o dia do Planeta Terra no dia 22 de abril, coincidindo com as comemorações do descobrimento do Brasil. Atuando de modo concomitante com ONGs o órgão brasileiro tem travado uma batalha inglória na busca pela preservação de nosso patrimônio. Segundo o mesmo órgão o país tem atingido seus objetivos no que tange à conscientização da população no que se refere à questão ambiental.

O planeta Terra tem, aproximadamente, cinco bilhões de anos, e muitas são as teorias a respeito de seu surgimento. Para ficar como atualmente a conhecemos, a Terra passou por eras glaciais, terremotos, maremotos e todo tipo de intemperismo, é, até meteoros caíram sobre a velha senhora. Antes parcamente habitada, a população humana hoje contabiliza mais ou menos seis bilhões de pessoas e este é o grande desafio que a humanidade terá de enfrentar nos próximos anos.

Entretanto, nós, terráqueos, não damos o valor que este incrível planeta merece. Uma prova disso é que Al Gore, então candidato à presidência dos Estados Unidos da América, foi derrotado por George W. Bush. Os dois são antagônicos. Enquanto Al Gore milita em favor do meio ambiente, Bush é refém da indústria pesada estadunidense. Um defende a preservação o outro a poluição, a “depredação”.

Todas as populações do mundo querem o padrão alcançado por americanos e europeus, mas não é possível, como resolver a questão? Não sei, este é um imbróglio que terá de ser resolvido, não se sabe quem cederá primeiro, os ricos ou os pobres, mas o mundo precisa chegar a um consenso.

Um futuro saudável para o planeta depende de todos. Os menores gestos podem fazer a diferença. Após tantas tragédias naturais começo a pensar que os “ecochatos” talvez estejam com a razão. A Terra precisa de respeito. Então comecemos a tratá-la com carinho, ela agradece.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Bolsonaro está sozinho?

As declarações do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) causaram polêmica após a sua participação no quadro "O povo quer saber", do programa "CQC", exibido na Rede Bandeirantes. Como não poderia deixar de ser, ao externar suas opiniões e deixar muito bem claro o que pensa a respeito de temas polêmicos, surgiram muitos protestos de toda parte do país. Principalmente na internet com suas redes sociais. O parlamentar defendeu o regime militar de 1964, criticou FHC pelas privatizações realizadas durante sua gestão, mostrou-se contra as cotas raciais e ainda deu declarações que podem gerar indignação por parte dos movimentos negro e LGBT. O homem fala o que pensa!

Querem enquadrá-lo como se tivesse praticado a quebra de decoro parlamentar. Creio que não conseguirão, pois o uso da palavra é uma prerrogativa que é concedida aos políticos durante o exercício do mandato. Haja vista que a ex-deputada Zulaiê Cobra chamou o ex-presidente Lula de “Bandidão” e nada lhe aconteceu. Porém, deve ficar claro, o uso da palavra não pode ser usado para incitar o crime. Talvez sofra alguns processos. Preta Gil prometeu que o processará, ela tem todo o direito, pois foi ofendida em rede nacional. É assim que tem de ser. Num país em que se preza a liberdade de expressão, o sujeito tem o direito, a liberdade de falar o que pensa, mas, quando agride terceiros, a justiça reserva o mesmo direito aos que foram ultrajados.

Todavia, é preciso que se analise a situação friamente. O deputado em questão é um representante do povo. Eleito por uma gama de cidadãos que pensam da mesma forma que ele. No Brasil há uma parcela considerável da população que não concorda com o sistema de cotas. Existem milhões de viúvas da ditadura, iguaizinhos a ele. No país que se livrou de um peso tremendo, as estatais deficitárias, há muitos cidadãos que choram as privatizações até hoje. E, pasmem, existem milhões e milhões de racistas e preconceituosos. O que ocorre é o fato de ele ser autêntico, verdadeiro, concordem com ele ou não. Portanto, um legítimo representante de seus eleitores.

O racismo e o preconceito externam o que há de pior no ser humano, mas existem e não se pode negar o fato de que pessoas pensam dessa maneira. Religião, opção sexual são caminhos que o cidadão escolhe, ninguém pode escolher por ele. Entretanto, as escolhas pessoais de um cidadão jamais serão impostas goela abaixo aos demais cidadãos. Ficou evidenciado, neste caso, que há muitos brasileiros que não concordam com uma série de coisas que acontecem atualmente em nossa sociedade, mas somente Bolsonaro tem a coragem de tocar no assunto. É uma parcela gigantesca de brasileiros reprimidos.

Dizem que o nobre deputado é de direita, sim ele é um direitista. Mas não alimentemos a ilusão de que os conceitos defendidos por ele são de direita. Homofobia e racismo existem em qualquer ideologia política. A história nos conta que o perfil de Bolsonaro foi encontrado em diferentes personagens da história e em diferentes ideologias políticas. Portanto, há muitos “Bolsonaros” na esquerda, na direita e no centro. Quem não concordar com isso que estude a história das nações socialistas, lá verá que houve perseguição a homossexuais.

O Brasil é um país livre e democrático. Espero que continue assim. Os cidadãos que pensam como Bolsonaro, continuarão pensando da mesma forma. Entretanto, haverá justiça e igualdade para todos. Haverá desencontro de opiniões, mas as questões têm de ser debatidas civilizadamente. Nunca, em hipótese alguma, a opressão ditará as regras. Bolsonaro poderia ser um pouquinho mais educado ao expor suas idéias. Um pouco de educação não faz mal a ninguém, nem a ele. Numa democracia consolidada, os rumos a serem tomados têm de ser amplamente discutidos e devem-se resguardar os direitos das minorias. Mas o meu direito vai somente até aonde começar o seu. Devemos respeitar este princípio básico. Nobre deputado, o senhor tem todo o direito de declarar-se contra tudo o que não concorda, desde que respeite os preceitos democráticos.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A grande lição (Texto de Autor Desconhecido)

Um Mestre da sabedoria passeava por uma floresta com seu fiel discípulo, quando avistou ao longe um sítio de aparência pobre e resolveu fazer uma breve visita. Durante o percurso, ele falou ao aprendiz sobre a importância das visitas às oportunidades de aprendizado que temos, também com as pessoas que mal conhecemos.

Chegando ao sítio, constatou a pobreza do lugar: sem calçamento, casa de madeira, os moradores, um casal e três filhos, vestidos com roupas rasgadas e sujas... Então se aproximou do senhor, aparentemente o pai daquela família, e perguntou:
- Neste lugar não há sinais de pontos de comércio e de trabalho. Como o senhor e a sua família sobrevivem aqui?

E o senhor calmamente respondeu:
- Meu amigo, nós temos uma vaquinha que nos dá vários litros de leite todos os dias. Uma parte desse produto nós vendemos ou trocamos na cidade vizinha por outros gêneros alimentícios e a outra parte nós produzimos queijo e coalhada para o nosso consumo e assim vamos sobrevivendo.

O sábio agradeceu pela informação, contemplou o lugar por uns momentos, depois se despediu e foi embora. No meio do caminho, voltou ao seu fiel discípulo e ordenou:
- Aprendiz, pegue a vaquinha, leve-a ao precipício ali a frente e empurre-a, jogue-a lá embaixo.

O jovem arregalou os olhos espantado e questionou o mestre sobre o fato da vaquinha ser o único meio de sobrevivência daquela família, mas, como percebeu o silêncio absoluto do seu mestre, foi cumprir a ordem.


Assim, empurrou a vaquinha morro abaixo e a viu morrer. Aquela cena ficou marcada na memória daquele jovem durante alguns anos, até que, um belo dia, ele resolveu largar tudo o que havia aprendido e voltar naquele mesmo lugar e contar tudo aquela família, pedir perdão e ajudá-los. E assim o fez.

Quando se aproximava do local, avistou um sítio muito bonito, com árvores floridas, todo murado, com carro na garagem e algumas crianças brincando no jardim. Ficou triste e desesperado, imaginando que aquela humilde família tivera que vender o sitio para sobreviver. "Apertou" o passo e, chegando lá, foi logo recebido por um caseiro muito simpático e perguntou sobre a família que ali morava há uns quatro anos. O caseiro respondeu:

- Continuam morando aqui.

Espantado, entrou correndo na casa e viu que era mesmo a família que visitara antes com o mestre. Elogiou o local e perguntou ao senhor (o dono da vaquinha):

- Como o senhor melhorou este sítio e está muito bem de vida?

E o senhor, entusiasmado, respondeu:

- Nós tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu. Daí em diante, tivemos que fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos que tínhamos, assim alcançamos o sucesso que seus olhos vislumbram agora...

Moral da história: Todos nós temos uma vaquinha que nos dá alguma coisa básica para sobrevivência e uma convivência com a rotina. Descubra qual é a sua. Aproveite esse novo ano e a proximidade do final do milênio para "empurrar sua vaquinha morro abaixo!".

quarta-feira, 13 de abril de 2011

LAO TSÉ - O PAI DO TAOÍSMO

Lao Tsé, conhecido como o pai do Taoísmo, viveu por volta de 604 a.C. Livros antigos dão conta de que ele teria nascido na região de Ch´u ao sul da China. Teria sido ele o autor da obra Tao Te Ching. O Tao Te Ching ou Dao de Jing, comumente traduzido pelo nome de "O Livro do Caminho e da sua Virtude”, é um dos antigos escritos chineses mais conhecidos e importantes. Um livro de provérbios relacionados com o Tao, e que acabou servindo como obra inspiradora para diversas religiões e filosofias, em especial o Taoísmo e o Budismo Chan (e sua versão japonesa o Zen).

O Taoísmo baseia-se num dos Princípios Herméticos - o Principio da Polaridade - que diz ser a natureza bipolar, pois tudo nela tem um oposto. Na essência o universo conhecido é composto de componentes opostos; por vezes físicos (claro/escuro), morais (bom/ruim), biológicos (masculino/feminino) etc. Tudo no universo pode ser classificado em duas polaridades: Yang (pronuncia-se "yong") ou Yin.

Uma indagação comumente feita diz respeito à diferença que existe entre o Taoísmo e o Confucionismo. O Taoísmo tem base metafísica e com aplicação prática. Confúcio foi mais um legislador, cujos ensinamentos ser direcionam mais para o aspecto político da vida.

O velho mestre deixou um legado de valor imensurável para humanidade, pois como ele dizia: “Nada é impossível a quem pratica a contemplação. Com ela, tornamo-nos senhores do mundo.”

Um pouco de seus versos e de suas frases para que contemplemos a sua sabedoria:

Aquele que conhece o outro é sábio. Aquele que conhece a si mesmo é iluminado. Aquele que vence o outro é forte. Aquele que vence a si mesmo é poderoso. Aquele que conhece a alegria é rico. Aquele que conserva o seu caminho tem vontade.

Seja humilde, e permanecerás íntegro.

Curva-te, e permanecerás ereto.

Esvazia-te, e permanecerás repleto.

Gasta-te, e permanecerás novo.


O sábio não se exibe, e por isso brilha.

Ele não se faz notar, e por isso é notado.

Ele não se elogia, e por isso tem mérito.

E, porque não está competindo,

ninguém no mundo pode competir com ele.

(Lao Tsé - Tao Te Ching - verso 22)

A bondade em palavras cria confiança; a bondade em pensamento cria profundidade; a bondade em dádiva cria amor.

Quando o líder efetivo dá o seu trabalho por terminado, as pessoas dizem que tudo aconteceu naturalmente.

O povo é rebelde porque os seus governantes são demasiado arrojados.

Para comandar os homens, marcha atrás deles.

Com o bom sou bom, / mas mesmo com quem não é bom sou bom / pois boa é a virtude.

A natureza não é benévola, e é com determinada indiferença que de tudo se vale para os seus fins.

Para ganhar conhecimento, adicione coisas todos os dias. Para ganhar sabedoria, elimine coisas todos os dias.

Pagai o mal com o bem, porque o amor é vitorioso no ataque e invulnerável na defesa.

O sábio não se exibe e vejam como é notado. Renuncia a si mesmo e jamais é esquecido.

... O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a contornar obstáculos ...

Se estiveres no caminho certo, avança; se estiveres no errado, recua.

Não há culpa maior / do que entregar-se às vontades / não há mal maior / do que aquele de não saber contentar-se / não há dano maior / do que nutrir o desejo de conquista.

Conhecer os outros é inteligência, conhecer-se a si próprio é verdadeira sabedoria. Controlar os outros é força, controlar-se a si próprio é verdadeiro poder.

Uma longa viagem de mil milhas inicia-se com o movimento de um pé.

A alma não tem segredo que o comportamento não revele.

O homem sábio / rejeita o excesso / rejeita a prodigalidade / rejeita a grandeza.

As palavras verdadeiras não são agradáveis e as agradáveis não são verdadeiras.

Meça sempre aquilo que foi feito com aquilo que poderia ser feito.

Nenhuma certeza fatal é pior que a dúvida ameaçadora.

Quando o governante é indulgente, o povo é virtuoso. Quando o governante é rigoroso, o povo prevarica.

Na condução das questões humanas não existe lei melhor do que o autocontrole.

Reaja inteligentemente mesmo a um tratamento não inteligente.


fonte: wikipédia/frasesfamosas.com.br

terça-feira, 12 de abril de 2011

Maria Bethânia e a Lei Rouanet

A Lei Rouanet é de suma importância para o desenvolvimento da cultura no Brasil. Projeto de 1991, esta lei permite a projetos que jamais sairiam do papel tenham um relativo sucesso. Através da Lei Rouanet grandes peças teatrais puderam ser vistas por milhares de pessoas, diversos filmes lotaram as salas de cinema Brasil afora, muitos projetos de arte e música agitaram a vida cultural do país. Projeto 'O mundo precisa de poesia' previa gastos de quase R$ 1,8 milhão.

Mas esta lei, como todas as demais existentes no Brasil, é frágil. Existem muitas brechas na lei que possibilitam o seu mau uso. Norma Bengel e Guilherme Fontes são exemplos típicos de que a lei tem de ser mais rígida. O principal motivo para mudanças seria o fato de o autor do projeto usar a verba destinada ao projeto em proveito próprio. O mentor intelectual do projeto só poderia ver a cor do dinheiro somente após obter lucros com a empreitada. Creio que algumas mudanças básicas na lei possibilitem uma melhor transparência. Deve-se ressaltar que esta lei é necessária, pois, o setor privado não gosta de correr riscos, o setor público não possui verbas para a cultura. Apesar de a renúncia fiscal ser dinheiro do povo e portando o estado estar, de certa forma, investindo em cultura.

Em março veio à tona a notícia de que Maria Bethânia havia conseguido aprovar seu projeto. O projeto de um blog. O valor do projeto é de R$ 1,35 milhão. Valor foi ajustado para R$ 1,35 milhão após análise do Ministério da Cultura, pois o que ela pedia era algo em torno de R$ 1,8 milhão. Muita indignação, muitos se sentiram ultrajados devido à enorme verba destina a seu blog. Intitulado de “O mundo precisa de poesia” o blog pretende trazer diariamente vídeos da cantora interpretando grandes obras. A direção dos 365 vídeos seria de Andrucha Waddington. Não duvido que ocorram gastos para se realizar um projeto desses, mas R$ 1,35 milhão? O pior parece que destes R$ 1,35 milhão, R$ 0,6 milhão seriam dela. Sim como mentora intelectual da obra ela teria direito a R$ 0,6 milhão. Brincalhona ela, né? Convenhamos para se recitar poesias ou algo do tipo não requer uma soma dessas. Para isso se poderiam utilizar blogs gratuitos como WordPress e Blogspot.

Portanto uma lei necessária como esta tem de ser mais bem-elaborada. Não se pode dar margem às dúvidas quanto à lisura de sua utilização.

domingo, 10 de abril de 2011

Tragédia em Realengo, de quem é a culpa?

Rio de Janeiro, 7 de abril de 2011. Em princípio um dia como outro qualquer. Mas um acontecimento chocante fez com que este dia se tornasse um dia para se esquecer. Um dia para se abstrair da memória do povo brasileiro. No período da manhã, na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro. Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a escola armado com dois revólveres e começou a disparar aleatoriamente contra os alunos presentes, chegando a matar doze, todos menores de idade. Durante confronto com um sargento da polícia do Rio, Wellington foi atingido e cometeu suicídio.

Por que ocorreu algo tão tétrico assim? Este jovem era um criminoso comum? De quem é a culpa pelo massacre, governo ou sociedade? Até que ponto a proibição do uso de armas evitaria esta tragédia? Muitos questionamentos surgiram logo após o massacre. Então analisemos alguns.

Massacres, chacinas sempre ocorreram em nossa sociedade. Crimes de todas as formas e com os mais variados graus de crueldade ocorreram e continuarão ocorrendo no meio em que vivemos. Entretanto, este, de realengo, enquadra-se numa nova categoria de crimes. São os crimes do século XXI, os crimes da era moderna. Um fenômeno fruto da sociedade moderna. Com a transformação da sociedade, todos os setores também se transformam, para o bem ou para o mal. Com uma gama de informações a que todos os cidadãos são submetidos, hoje em dia, fica fácil imaginarmos que um sujeito desequilibrado tenha, ao seu alcance, um leque gigantesco de possibilidades para realizar seus “sonhos”.

Este jovem não era um criminoso comum, de maneira nenhuma. Após analisarem a carta deixada por ele, sim há uma carta, os especialistas foram unânimes em afirmar que se trata de um psicótico. Portanto, ele não era um criminoso comum, tampouco um psicopata. Era, sim, um esquizofrênico, psicótico, chamem-no do que quiserem. Para esclarecimento: Psicose é quando o sujeito vive fora do mundo real, seus conceitos não se enquadram na normalidade, quem sofre de surtos psicóticos pode simplesmente imaginar que uma árvore ou cão podem prejudicá-lo, podem fazer mal a ele; já um psicopata vive no mesmo mundo real que nós, para ele uma árvore é uma árvore e um cão é um cão, porém, o psicopata não é um altruísta, ele é um ser extremamente egoísta, não sente culpa e não dá o menor valor pela vida do próximo.

Para qualquer crime que se cometa em terras tupiniquins, o culpado sempre será o governo. É compreensível, pois o estado é ausente em todos os seguimentos da sociedade. Quem não faz o dever de casa será o primeiro a sentar-se no banco dos réus. Talvez seja por isso que o governador do estado do Rio e o prefeito carioca não deram margem a falatórios sobre suas condutas e houveram-se presentes logo que souberam do acontecido. A presidenta Dilma cancelou uma cerimônia no planalto e pediu um minuto de silêncio. Todavia, desta vez o governo não pode ser considerado o culpado. Com exceção a falta de policiamento nas escolas de todo o país, desta vez a culpa tem de ser dividida entre todos os cidadãos. Precisamos rever nossos conceitos e muitas coisas precisam ser discutidas. Pela natureza do crime cometido não é justo que somente o estado assuma a culpa, é dever de todo cidadão ajudar na busca por soluções.

Quanto ao uso de armas por cidadãos comuns, bem, os derrotados no último plebiscito aproveitaram o ensejo e ressuscitaram a idéia novamente. Eu, particularmente, não uso armas de espécie alguma e não admito as mesmas em minha residência. Porém, acredito nas leis e sou respeitador das decisões tomadas pela maioria. Mesmo porque este é um direito garantido ao cidadão. Pode-se discutir a necessidade de uma pessoa comum possuir armamentos, mas nunca se deve discutir o direito que lhes é dado. Fosse proibida a comercialização de armas, este jovem as teria comprado e executado o que havia planejado, pois o “poder paralelo” o municiaria, como o fez, as armas em posse deste jovem não eram legalizadas.

Culpa do governo ou da sociedade? Dividir responsabilidades entre todos? Proibição ao uso de armas? Um controle maior sobre as informações? Tudo deve ser amplamente discutido, pois algumas medidas são muito perigosas, há um sério risco a liberdade individual. Não há como se antecipar a um atentado como este de Realengo, pois como dizia Isaac Newton: “Eu consigo calcular o movimento de corpos celestiais, mas não a loucura das pessoas.”

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O aquário (Texto de Autor Desconhecido)

Era uma vez um aquário, onde viviam peixes grandes, médios e pequenos. Ali imperava a lei do mais forte. Os alimentos atirados no aquário eram disputados por todos. Primeiro comiam os maiores. O que sobrava destes, era devorado pelos médios. E o que sobrava dos médios era disputado pelos pequenos. Na falta de outros alimentos, os grandes devoravam os médios e estes, por sua vez, devoravam os pequenos.

Ora, havia um peixinho muito pequeno que morava no fundo do aquário, onde estava a salvo da fome e da gula dos demais. Ali, naquelas profundezas, poucas vezes caía algum alimento. Mas, o peixinho, ao invés de maldizer a sua sorte, enganava a fome distraindo-se a contemplar os desenhos dos azulejos, as plantas, a areia branca e as pedrinhas brilhantes que enfeitavam o fundo do aquário.

Um belo dia, o peixinho descobriu um ralo por onde saía a água do aquário. Admirado exclamou:

- Ué! Então este mundo não é tudo. Existe outro lugar onde se pode viver? Para onde irá esta água que não pára de escorrer?

E o peixinho curioso, tentou passar pelo ralo. Como os vãos fossem muito estreitos, ele se dispôs a fazer sacrifícios e emagrecer até poder passar para o outro lado.

E foi assim que mais tarde, bem mais magro e ainda assim perdendo algumas escamas na travessia, ele conseguiu seu intento. E foi assim que pela primeira vez na vida, ele conheceu o que era água corrente. Uma delícia! Uma maravilha! O peixinho ia pulando feliz pelo rego d'água, deslumbrado com tudo. E o rego d'água levou o peixinho até um regato.

No regato, mais água ainda! E a correnteza mais forte. Nem era preciso nadar. Bastava soltar o corpo. Que maravilha! E o sol? E os barquinhos de papel? Que coisa mais linda! E aqueles bobos lá no aquário, pensando que aquilo era tudo, aquela água suja e parada! Coitados... E o regato levou o peixinho até o rio...

Não é possível! Isto não existe! Olha quanta água! Parece não ter fim. Quanta comida! Quanto sol! Quanta luz! Quanta beleza! E foi assim, extasiado, maravilhado, quase não acreditando nos seus próprios olhos, que o peixinho, levado pelo rio, chegou, enfim, ao mar...

Ali, diante daquele infinito de água, de alimento, de luz, de cores, de plantas, de um mundo de coisas maravilhosas, diante daquela majestade toda, o peixinho chorou. Chorou comovido, agradecido, porque a alegria era tanta que não cabia dentro de si. E chorou sobretudo de pena de seus companheiros que tinham ficado no aquário, naquelas águas poluídas, escuras, paradas, estagnadas, espremidos, pensando viver no melhor dos mundos. E o peixinho, então, resolveu voltar e contar a boa nova a todos.

E o peixinho voltou. Do mar para o rio, com imensos sacrifícios, porque agora a viagem era contra a correnteza. Ele nadou para o regato e do regato para o rego d'água, e do rego d'água para o fundo do aquário. E atravessou o ralo de volta.

Desse dia em diante, começou a circular pelo aquário, um boato de que havia um peixinho contando coisas mirabolantes: falando de um lugar muito melhor para viver; um lugar de paz e amor, um lugar de fartura infinita, onde ninguém precisava fazer sacrifícios, nem se devorar uns aos outros. E todos correram ao fundo do aquário para saber das novidades. Os grandes, os médios, os pequenos, todos queriam saber o que era preciso fazer para chegar a esse mundo maravilhoso...

E o peixinho, mostrando-lhes o ralo, explicou que para chegar a este mundo, era preciso algum sacrifício, pois a passagem era realmente estreita. Segundo o tamanho, uns teriam que sacrificar-se mais, outros menos. E os peixinhos pequenos passaram a seguir o peixinho, enquanto os médios e os grandes consideravam-no um louco, um visionário... Onde já se viu? Impossível passar por aquele vãozinho tão estreito. Só um louco mesmo!...

E a história do peixinho se alastrou. De tal maneira modificou a vida do aquário e perturbou o sossego dos peixes grande e médios, que estes acabaram por matar o peixinho para pôr um fim naquelas besteiras. Mas o peixinho não morreu. Continuava vivendo, pois sua mensagem, imortal, passava de geração em geração...

Até hoje a história do peixinho é lembrada no aquário. Até hoje há os que acreditam e os que não acreditam. E até hoje há os que podem passar pelo ralo e há os que jamais conseguirão fazê-lo, porque quanto maior e mais poderoso, tanto maior será o sacrifício exigido.

Ora, havia um peixinho muito pequeno que morava no fundo do aquário, onde estava a salvo da fome e da gula dos demais. Ali, naquelas profundezas, poucas vezes caía algum alimento. Mas, o peixinho, ao invés de maldizer a sua sorte, enganava a fome distraindo-se a contemplar os desenhos dos azulejos, as plantas, a areia branca e as pedrinhas brilhantes que enfeitavam o fundo do aquário.

Um belo dia, o peixinho descobriu um ralo por onde saía a água do aquário. Admirado exclamou:

- Ué! Então este mundo não é tudo. Existe outro lugar onde se pode viver? Para onde irá esta água que não pára de escorrer?

E o peixinho curioso, tentou passar pelo ralo. Como os vãos fossem muito estreitos, ele se dispôs a fazer sacrifícios e emagrecer até poder passar para o outro lado.

E foi assim que mais tarde, bem mais magro e ainda assim perdendo algumas escamas na travessia, ele conseguiu seu intento. E foi assim que pela primeira vez na vida, ele conheceu o que era água corrente. Uma delícia! Uma maravilha! O peixinho ia pulando feliz pelo rego d'água, deslumbrado com tudo. E o rego d'água levou o peixinho até um regato.

No regato, mais água ainda! E a correnteza mais forte. Nem era preciso nadar. Bastava soltar o corpo. Que maravilha! E o sol? E os barquinhos de papel? Que coisa mais linda! E aqueles bobos lá no aquário, pensando que aquilo era tudo, aquela água suja e parada! Coitados... E o regato levou o peixinho até o rio...

Não é possível! Isto não existe! Olha quanta água! Parece não ter fim. Quanta comida! Quanto sol! Quanta luz! Quanta beleza! E foi assim, extasiado, maravilhado, quase não acreditando nos seus próprios olhos, que o peixinho, levado pelo rio, chegou, enfim, ao mar...

Ali, diante daquele infinito de água, de alimento, de luz, de cores, de plantas, de um mundo de coisas maravilhosas, diante daquela majestade toda, o peixinho chorou. Chorou comovido, agradecido, porque a alegria era tanta que não cabia dentro de si. E chorou sobretudo de pena de seus companheiros que tinham ficado no aquário, naquelas águas poluídas, escuras, paradas, estagnadas, espremidos, pensando viver no melhor dos mundos. E o peixinho, então, resolveu voltar e contar a boa nova a todos.

E o peixinho voltou. Do mar para o rio, com imensos sacrifícios, porque agora a viagem era contra a correnteza. Ele nadou para o regato e do regato para o rego d'água, e do rego d'água para o fundo do aquário. E atravessou o ralo de volta.

Desse dia em diante, começou a circular pelo aquário, um boato de que havia um peixinho contando coisas mirabolantes: falando de um lugar muito melhor para viver; um lugar de paz e amor, um lugar de fartura infinita, onde ninguém precisava fazer sacrifícios, nem se devorar uns aos outros. E todos correram ao fundo do aquário para saber das novidades. Os grandes, os médios, os pequenos, todos queriam saber o que era preciso fazer para chegar a esse mundo maravilhoso...

E o peixinho, mostrando-lhes o ralo, explicou que para chegar a este mundo, era preciso algum sacrifício, pois a passagem era realmente estreita. Segundo o tamanho, uns teriam que sacrificar-se mais, outros menos. E os peixinhos pequenos passaram a seguir o peixinho, enquanto os médios e os grandes consideravam-no um louco, um visionário... Onde já se viu? Impossível passar por aquele vãozinho tão estreito. Só um louco mesmo!...

E a história do peixinho se alastrou. De tal maneira modificou a vida do aquário e perturbou o sossego dos peixes grande e médios, que estes acabaram por matar o peixinho para pôr um fim naquelas besteiras. Mas o peixinho não morreu. Continuava vivendo, pois sua mensagem, imortal, passava de geração em geração...

Até hoje a história do peixinho é lembrada no aquário. Até hoje há os que acreditam e os que não acreditam. E até hoje há os que podem passar pelo ralo e há os que jamais conseguirão fazê-lo, porque quanto maior e mais poderoso, tanto maior será o sacrifício exigido.

(Autor desconhecido)

sábado, 2 de abril de 2011

As estações (autor desconhecido)


Um homem tinha quatro filhos. Ele queria que seus filhos aprendessem a não julgar as coisas de modo apressado, por isso, ele mandou cada um viajar para observar uma pereira que estava plantada em um distante local.

O primeiro filho foi lá no Inverno, o segundo na Primavera, o terceiro no Verão e o quarto e mais jovem, no Outono.

Quando todos eles retornaram, ele os reuniu e pediu que cada um descrevesse o que tinham visto.

O primeiro filho disse que a árvore era feia, torta e retorcida.

O segundo filho disse que ela era recoberta de botões verdes e cheia de promessas.

O terceiro filho discordou. Disse que ela estava coberta de flores, que tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas, que ele arriscaria dizer que eram a coisa mais graciosa que ele tinha visto.

O último filho discordou de todos eles; ele disse que a árvore estava carregada e arqueada, cheia de frutas, vida e promessas…

O homem, então, explicou a seus filhos que todos eles estavam certos, porque eles haviam visto apenas uma estação da vida da árvore…

Ele falou que não se pode julgar uma árvore, ou uma pessoa, por apenas uma estação, e que a essência de quem eles são e o prazer, a alegria e o amor que vêm daquela vida, podem apenas ser medidos ao final, quando todas as estações estiverem completas.

Se você desistir quando for Inverno, você perderá a promessa da Primavera, a beleza do Verão, a expectativa do Outono.

Não permita que a dor de uma estação destrua a alegria de todas as outras. Não julgue a vida apenas por uma estação difícil.

Os políticos são o espelho da sociedade.

      O nosso problema não está no fato de o país ser unitário ou federado, de ele ser república ou monarquia, de ele ser presidenciali...