terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Manifestações que podem mudar o destino do Oriente Médio.

Primeiro começou no Líbano, contagiou a Tunísia, algumas manifestações no Yêmen, estendeu-se à Jordânia, mas parece que se agravou mesmo foi no Egito. Por lá talvez seja inevitável a queda do ditador Hosni Mubarak. Movimentos orquestrados? Espontâneos? Talvez as duas situações? Não importa, o que realmente importa é que o Oriente Médio está prestes a mudar o seu mapa político.

Espero que o jogo político em que se encontra o Oriente Médio neste momento acabe da melhor forma para os povos da região. Entretanto, a história da região nos dá uma dica de que o fim pode não ser o esperado. No que se refere aos anseios do Ocidente, claro, não será mesmo. Os pseudo-intelectuais do Ocidente não perceberam que o que se aplica aos países ocidentais não serve de cartilha para outras culturas, principalmente ao mundo islâmico.

Não se deve querer que todos os países do mundo sejam iguais, isso é praticamente impossível. É uma utopia pensar em todas as nações democráticas, direitos iguais para todos os cidadãos. Liberdade, igualdade e fraternidade. Estas palavras significam muito para nós ocidentais, e mesmo assim nem todos concordam com o seu emprego. Para muitos povos isso soa como blasfêmia.

Ditadores, déspotas, caudilhos, não interessa o nome que se dê ao cidadão que almeja a sua perpetuação no poder. O resultado sempre será o mesmo, a ruína do povo subjugado. Defendi em outros textos meus, que todo povo tem de viver a sua história. Sem interferências externas. Sem ajudas de outras nações, sejam elas bem-intencionadas ou não. Tradições e costumes não se mudam com a vontade de A ou B.

O atraso intelectual e a miséria que passam as nações subdesenvolvidas são resultado de políticas intervencionistas de nações líderes que se acham no direito de decidir o destino de outras. Desde que o homem começou a usar a maça cinzenta e a partir daí organizou-se em comunidades, ele sentiu a necessidade de dominar o seu “opositor”. É lamentável, ma é a realidade.

Em parte a culpa pela situação da África, Ásia e América Latina, é da Inglaterra, pois, enquanto potência mundial ela tratou de colonizar as duas primeiras e interferiu negativamente com relação à América Latina. Mas a culpa tem de ser dividida com outras nações européias e principalmente com os Estados Unidos da América. As nações européias têm participação na colonização da África e da Ásia. Os americanos passaram a ter culpa no momento em que assumiram a condição de líderes mundiais, tornando-se intervencionistas como os demais.

Mas onde está a culpa? A culpa está em atitudes incoerentes. Invade-se uma nação com a desculpa de que se precisa instalar ali um estado democrático, e ao mesmo tempo apóia-se uma ditadura, como no caso do Egito, contribuindo para que determinado povo sofra todos os tipos mazelas. É sabido que numa colonização, ou numa intervenção, o foco principal é a economia, o dinheiro fala mais alto que valores morais, éticos etc.

O povo brasileiro também foi vítima, ou seja, da ditadura que durou mais de vinte anos. Durou todo esse tempo por um simples motivo, obteve o apoio incondicional das grandes potências, principalmente a ajuda americana. Não devemos esquecer que o grosso da dívida brasileira foi adquirido durante a gestão militar. Por outro lado Cuba sofre um embargo político e comercial. Qual a diferença? A opressão ao povo é basicamente a mesma, mas a ótica dos que detêm o poder tem um peso diferente para cada um, a Cuba comunista é marginalizada, o Brasil um país que se alinhou com os americanos teve todo o apoio. Tudo devido ao medo de a nossa ditadura se alinhar com o comunismo soviético.

O Irã é exemplar. Em 1979, o Irã, até então comandado pelo Xá Mohammad Reza Pahlevi, foi transformado de uma monarquia autocrática pró Ocidente, em uma república islâmica sob o comando dos aiatolás, e o seu principal ícone foi o aiatolá Rullolah Khomeini. Uma bala para quem adivinhar qual país estava por trás dessa revolução. Óbvio! Os americanos! Primeiro criam o monstro e depois o combatem como se fossem heróis.

Chega a ser engraçado, mas os americanos treinaram e deram respaldo aos afegãos na luta contra a antiga União Soviética. Se Saddam Hussein não tivesse “anseios maiores”, estaria até hoje castigando as minorias iraquianas. A China vive num regime comunista há décadas, e por que não sofre retaliação econômica? Deveria, pois, há muito tempo a China chutou os direitos humanos. Desde as antigas Grécia e Roma, o que move montanhas é o fator econômico. Quando uma potência vê suas fontes de riqueza ameaçadas, ela age.

A região dos levantes tem um destino incerto. Não se pode prever o que acontecerá. A tendência é que se tornem repúblicas islâmicas. Se tentarem transformá-las em democracias o caos se instalará e perdurará por décadas. Entretanto, esse caminho tem de ser trilhado pelos povos da região. É um direito que lhes cabe. Que Deus ou Alá os oriente.

3 comentários:

  1. Vamos mostrar nossa indignação e apoiar o povo do Egito atravéz da ONG Avaaz http://www.tecg1.com/2011/01/caros-amigos-manifestantes-egipcios.html

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  2. Perfeito o seu texto, o problema é que por aqui nas terras brasilis ainda somos quase um quintal da américa, compramos todo o lixo que vem de lá e não é raro ver um babaca pelas ruas vestido como se fosse um chicano de gangue de LA...

    quem sabe um dia acordamos... sonhar nunca é d+

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  3. Os grandes culpados pela miséria nos países citados acima são eles próprios, brasil incluso. Verifique as taxas de corrupção, história do país etcetc.

    Mas esse conflito no egito tem muita historia por tras, realmente o resultado dele será importante.

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Os políticos são o espelho da sociedade.

      O nosso problema não está no fato de o país ser unitário ou federado, de ele ser república ou monarquia, de ele ser presidenciali...