domingo, 10 de abril de 2011

Tragédia em Realengo, de quem é a culpa?

Rio de Janeiro, 7 de abril de 2011. Em princípio um dia como outro qualquer. Mas um acontecimento chocante fez com que este dia se tornasse um dia para se esquecer. Um dia para se abstrair da memória do povo brasileiro. No período da manhã, na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro. Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a escola armado com dois revólveres e começou a disparar aleatoriamente contra os alunos presentes, chegando a matar doze, todos menores de idade. Durante confronto com um sargento da polícia do Rio, Wellington foi atingido e cometeu suicídio.

Por que ocorreu algo tão tétrico assim? Este jovem era um criminoso comum? De quem é a culpa pelo massacre, governo ou sociedade? Até que ponto a proibição do uso de armas evitaria esta tragédia? Muitos questionamentos surgiram logo após o massacre. Então analisemos alguns.

Massacres, chacinas sempre ocorreram em nossa sociedade. Crimes de todas as formas e com os mais variados graus de crueldade ocorreram e continuarão ocorrendo no meio em que vivemos. Entretanto, este, de realengo, enquadra-se numa nova categoria de crimes. São os crimes do século XXI, os crimes da era moderna. Um fenômeno fruto da sociedade moderna. Com a transformação da sociedade, todos os setores também se transformam, para o bem ou para o mal. Com uma gama de informações a que todos os cidadãos são submetidos, hoje em dia, fica fácil imaginarmos que um sujeito desequilibrado tenha, ao seu alcance, um leque gigantesco de possibilidades para realizar seus “sonhos”.

Este jovem não era um criminoso comum, de maneira nenhuma. Após analisarem a carta deixada por ele, sim há uma carta, os especialistas foram unânimes em afirmar que se trata de um psicótico. Portanto, ele não era um criminoso comum, tampouco um psicopata. Era, sim, um esquizofrênico, psicótico, chamem-no do que quiserem. Para esclarecimento: Psicose é quando o sujeito vive fora do mundo real, seus conceitos não se enquadram na normalidade, quem sofre de surtos psicóticos pode simplesmente imaginar que uma árvore ou cão podem prejudicá-lo, podem fazer mal a ele; já um psicopata vive no mesmo mundo real que nós, para ele uma árvore é uma árvore e um cão é um cão, porém, o psicopata não é um altruísta, ele é um ser extremamente egoísta, não sente culpa e não dá o menor valor pela vida do próximo.

Para qualquer crime que se cometa em terras tupiniquins, o culpado sempre será o governo. É compreensível, pois o estado é ausente em todos os seguimentos da sociedade. Quem não faz o dever de casa será o primeiro a sentar-se no banco dos réus. Talvez seja por isso que o governador do estado do Rio e o prefeito carioca não deram margem a falatórios sobre suas condutas e houveram-se presentes logo que souberam do acontecido. A presidenta Dilma cancelou uma cerimônia no planalto e pediu um minuto de silêncio. Todavia, desta vez o governo não pode ser considerado o culpado. Com exceção a falta de policiamento nas escolas de todo o país, desta vez a culpa tem de ser dividida entre todos os cidadãos. Precisamos rever nossos conceitos e muitas coisas precisam ser discutidas. Pela natureza do crime cometido não é justo que somente o estado assuma a culpa, é dever de todo cidadão ajudar na busca por soluções.

Quanto ao uso de armas por cidadãos comuns, bem, os derrotados no último plebiscito aproveitaram o ensejo e ressuscitaram a idéia novamente. Eu, particularmente, não uso armas de espécie alguma e não admito as mesmas em minha residência. Porém, acredito nas leis e sou respeitador das decisões tomadas pela maioria. Mesmo porque este é um direito garantido ao cidadão. Pode-se discutir a necessidade de uma pessoa comum possuir armamentos, mas nunca se deve discutir o direito que lhes é dado. Fosse proibida a comercialização de armas, este jovem as teria comprado e executado o que havia planejado, pois o “poder paralelo” o municiaria, como o fez, as armas em posse deste jovem não eram legalizadas.

Culpa do governo ou da sociedade? Dividir responsabilidades entre todos? Proibição ao uso de armas? Um controle maior sobre as informações? Tudo deve ser amplamente discutido, pois algumas medidas são muito perigosas, há um sério risco a liberdade individual. Não há como se antecipar a um atentado como este de Realengo, pois como dizia Isaac Newton: “Eu consigo calcular o movimento de corpos celestiais, mas não a loucura das pessoas.”

4 comentários:

  1. Ninguém consegue evitar que um raio caia, como também não é possível saber o que se passa dentro da cabeça do ser humano.
    O culpado dessa história triste é o autor da ação, não podemos procurar jogar a culpa em mais ninguém. Paz no corações dessas famílias.
    Valeu........

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  2. Sem dúvida a maior parcela de culpa é do atirador, um desequilibrado e covarde, que matou adolescentes indefesos aos invés de tentar resolver seus problemas. Tem culpa também quem vendeu as armas para ele e o governo e prefeitura do Rio que não colocam segurança nas escolas. Abraços.

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  3. è muita gente ingorante que tem nesse mundo.
    A CULPA ou pelo menos parte dela é da SOCIEDADE.
    e sempre que se diz isso tem um IDIOTA que acha que estamos defendendo o Welington, e que todo individuo timido e desajeitado na infancia tem o direito de virar psicopata.
    Quanta falta de raciocinio.
    Tá errado e muito o preconceito e o bulling que NEM SEMPRE gera traumas. Mas o Wellington JÀ sofria de esquizofrenia, e somando com as HUMILHAÇOES das pessoas que conviviam com ele, a DOENÇA agravou ou seja A SOCIEDADE fez agravar. Ele não ficou psicopata por ser timido, recatado e depois destrato, ele já era PSICOTICO, e a sociedade ao inves de AJUDAR, simplesmente RECRIMINOU e AGRAVOU seu problema.

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  4. É realmente muito triste falar sobre esta tragédia,mas eu acho que a culpa é da sociedade,
    e da propria familia que não deram a devida atenção a este rapaz, depois que a mãe faleceu,ele ficou perdido e entrou no mundo dele,olha parabens pelo post,muito be colocado.
    Bjo no coração.

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