segunda-feira, 29 de abril de 2013

A galinha e os ovos de ouro (Esopo)



Um camponês e sua esposa possuíam uma galinha que punha todo dia um ovo de ouro.

Supondo que devia haver uma grande quantidade de ouro em seu interior, eles a mataram para que pudessem pegar tudo.

Então, para surpresa deles, viram que a galinha em nada era diferente das outras galinhas.

O casal de tolos, desse modo, desejando ficarem ricos de uma só vez, perderam o ganho diário que tinham assegurado.

Moral da História:
Quem tudo quer acaba ficando sem nada.

sábado, 27 de abril de 2013

A galinha (Texto de Autor Desconhecido)



Numa granja uma galinha se destacava entre todas as outras por sua coragem, espírito de aventura e ousadia. Não tinha limites e andava por onde queria.
O dono porém, não apreciava estas qualidades e estava aborrecido com ela. Suas atitudes estavam contagiando as outras, que achavam bonito este modo de ser e já o estavam copiando.

Um dia o dono fincou um bambu no meio do campo, arrumou um bastante de aproximadamente 2 metros e amarrou a galinha a ele. Desse modo, de repente, o mundo tão amplo que a ave tinha foi reduzido a exatamente onde o barbante lhe permitia chegar. Ali, ciscando, comendo, dormindo, estabeleceu sua vida. Dia após dia acontecia o mesmo. De tanto andar nesse círculo, a grama que era verde foi desaparecendo e ficou somente terra. Era interessante ver delineado um círculo perfeito em volta dela. Do lado de fora, onde a galinha não podia chegar, a grama verde, do lado de dentro só terra.
Depois de um tempo o dono se compadeceu da ave, pois ela que era tão inquieta e audaciosa, havia se tornado uma pacata figura. Então cortou o barbante que a prendia pelo pé e a deixou solta.

Agora estava livre, o horizonte seria limite, poderia ir onde quisesse. Mas, estranhamente, a galinha mesmo solta, não ultrapassava o limite que ela própria havia feito. Só ciscava e andava dentro do círculo, seu limite imaginário. Olhava para o lado de fora mas não tinha coragem suficiente para se “aventurar” a ir até ela. Preferiu ficar do lado conhecido. Com o passar do tempo, envelheceu e ali morreu.

Quem sabe esta história traga a memória a vida de alguém conhecido. Nasce livre, tendo somente seus desejos como limite, mas as pressões do dia-a-dia fazem com que aos poucos seus pés fiquem presos a um chão que se torna habitual pela rotina. Olha para além do limite, que ele mesmo cria, com grande desejo e alimentando fantasias a respeito do que lá possa haver. Mas não tem a coragem para sair e enfrentar o que é desconhecido. Diz: “Sempre se fez assim, para que mudar? Ou meu avô, meu pai sempre fizeram assim, como eu iria mudar agora?

Há pessoas que enfrentam crises violentas em suas vidas, sem a coragem de ir à frente e tentar algo novo que seja capaz de tirá-las daquela situação. Admiram que têm a ousadia de recomeçar, porém, eles próprios, queixando-se e lamentando-se, buscam algum culpado e vão ficando no lugar, dentro do limite o qual só existe na sua imaginação.
A características do mercado sempre foi, coroar com o reconhecimento aqueles que inovam, criam ou provocam situações que chamem a atenção. O segredo do sucesso está na criatividade. Criar significa pôr em prática alguma coisa que não existe. Arriscar significa correr risco de perdas. Isto é de fato, mas como se poderá saber o final da história se não se caminha até o fim.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Rolo compressor... por Soninha Francine



Não sei quantos anos eu tinha quando ouvi pela primeira vez a máquina poderosa, implacável, assustadora sendo usada como metáfora para o comportamento da base governista no Legislativo. Teria sido no governo Jânio Quadros? Talvez. Lembro de ficar pasmada com a desfaçatez com que os vereadores que o apoiavam manobravam em plenário para que ele conseguisse aprovar qualquer coisa, quando e como quisesse. Os heroicos oposicionistas do PT e do PMDB sequer conseguiam registrar voto contrário a alguma proposta. O governo atropelava. Eu admirava aquela resistência e me orgulhava da atuação dos vereadores petistas.

Nunca, nunca na minha vida eu iria imaginar que o PT no poder faria igual. Marta Suplicy já foi um exemplo dolorido de "pragmatismo" e "governabilidade", conquistando maioria massacrante na Câmara na base do clássico toma-lá-dá-cá. Mas Haddad, o "técnico", o "novo", está sendo MAIS avassalador que a Marta. A velocidade com que os projetos passam pelo Legislativo é estonteante; o desdém por um pilar fundamental da democracia - o direito à divergência, ao debate, à discussão; o respeito aos poderes instituídos - é descarado. Um esculacho. E, como no governo de Jânio Quadros, cinco ou seis parlamentares esclarecidos sequer tem a chance de LER um projeto do governo antes que seja votado.

Por essas e por outras, tenho ainda a intenção de escrever o "Manual da Desonestidade", para as pessoas não esquecerem que roubar dinheiro público é só uma das maneiras de f. com a população." Soninha Francine


Entenda aqui: http://bit.ly/10DwQKP

Fonte: http://www.facebook.com/SoninhaFrancine

A formiga e a Pomba. (Esopo)



Uma Formiga foi à margem do rio para beber água e, sendo arrastada pela forte correnteza, estava prestes a se afogar.

Uma Pomba que estava numa árvore sobre a água, arrancou uma folha e a deixou cair na correnteza perto dela. A Formiga subiu na folha e flutuou em segurança até a margem.

Pouco tempo depois, um caçador de pássaros veio por baixo da árvore e se preparava para colocar varas com visgo perto da Pomba que repousava nos galhos alheia ao perigo.

A Formiga, percebendo sua intenção, deu-lhe uma ferroada no pé. Ele repentinamente deixou cair sua armadilha e, isso deu chance para que a Pomba voasse para longe a salvo.

Moral da História:
Quem é grato de coração sempre encontrará oportunidades para mostrar sua gratidão

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O Corvo (Edgar Allan Poe)



Era meia-noite fria; e eu, débil e exausto, lia
alguns volumes de vagos saberes primordiais.
E, já quase a adormecer, ouvi lá fora um bater
como o de alguém a querer atravessar meus portais.
“É um visitante que intenta atravessar meus portais” –
pensei. – “Isto, e nada mais!”


Tão claramente me lembro! Era o gelo de dezembro;
e o fogo lançava – lembro – no chão manchas fantasmais.
Pela aurora eu suspirava e nos livros procurava
esquecer a que ora errava entre as legiões celestiais –
aquela que hoje é Lenore entre as legiões celestiais,
sem nome aqui por jamais.


E o mover suave e magoado do ermo, roxo cortinado
me deprimia e me enchia de terrores espectrais;
de modo que eu, palpitante, calando o peito ofegante,
repetia: “É um visitante que vem cruzar meus portais,
um visitante, somente, que vem cruzar meus portais.
Isto apenas – nada mais.”


Então minha alma ganhou força e não mais hesitou.
“Senhor” – eu disse – “ou senhora que lá fora me chamais.
Mas, porque eu quase dormia, mal ouvi que alguém batia,
que com sossego batia e discrição tão iguais,” –
murmurei, abrindo a porta – “que ao silêncio eram iguais.”
E vi treva, nada mais.


A escuridão perquirindo, lá fiquei, tremendo, ouvindo,
sonhando, em dúvida, sonhos que mortal sonhou jamais.
Mas o silêncio insistia, e a calma nada dizia,
e a única voz que eu ouvia eram meus profundos ais
e o nome dela entre os ecos dos meus repetidos ais.
Só isto, só, nada mais.


Ao cômodo retornando – minha alma em mim se incendiando –,
ouvi de novo mais forte baterem aos meus umbrais.
“É alguém que bate, lá fora, à minha janela agora
e entrada talvez implora” – pensei, e busquei sinais. –
“Acalma-te, coração, pois que são estes sinais
só o vento e nada mais.”


E então abri a janela, e eis que penetrou por ela
na câmara um nobre Corvo desses de eras ancestrais.
Entrou sem deferimento, sem fazer um cumprimento,
dama ou lorde pachorrento, e pousou sobre os umbrais.
Pousou num busto de Palas que havia sobre os umbrais,
pousou lá, e nada mais.


Frente à ave preta, surpresa, sorriu-se a minha tristeza,
vendo o seu grave decoro e os seus ares senhoriais.
“Sem crista embora, e tosado,” – disse eu – “pareces ousado,
duro e antigo Corvo, nado dos noturnos litorais.
Dize-me o teu nobre nome lá nos negros litorais!”
E ele disse: “Nunca mais.”


Meu espanto foi tremendo tais palavras entendendo
(apesar de sem sentido) que ele disse, naturais.
E quem não teria achado que um homem ter avistado
um pássaro assim pousado por cima dos seus umbrais
é grande espanto, ainda mais no busto sobre os umbrais,
com o nome de “Nunca mais”?


Porém a ave ali quieta nada mais disse, discreta,
como se a alma toda desse nesses ditos essenciais.
E nada mais pronunciou, nenhuma pena agitou,
até que de mim saltou: “Amigos já não tem mais.
Na manhã, como os meus sonhos, aqui não estará mais.”
E o Corvo então: “Nunca mais.”


Atônito, ouvindo aquilo que ele enunciara, intranquilo
eu disse: “É tudo o que sabes, e mais adiante não vais.
É o que no passado ouviste de algum dono a cujo triste
destino acaso assististe com teus olhos penumbrais –
e cuja dor se exprimia nas sílabas penumbrais
do teu bordão: ‘Nunca mais.’”


Mas, sem dele desistir, voltou minha alma a sorrir;
e uma poltrona arrastei para junto dos umbrais.
E, então ali me assentando, uns aos outros fui juntando
mil devaneios, pensando na ave de eras ancestrais,
na lenta, negra, agourenta ave de eras ancestrais
que dizia “Nunca mais”.


Lá fiquei, a cogitar, sem um dito endereçar
à ave, cujos olhos fixos em meu peito eram punhais;
lá fiquei, absorto e mudo, pendida sobre o veludo
a cabeça em tal estudo, sob as luzes espectrais –
o veludo que Lenore, entre as luzes espectrais,
não tocará nunca mais.


Supus que o ar ficou mais denso de algum ignorado incenso
que os serafins esparzissem com passos angelicais.
“Teu Deus” – me disse – “gerou-te; pelos seus anjos mandou-te
o esquecimento, e aliviou-te de tuas dores brutais!
Bebe o nepente e te esquece de tuas dores brutais!”
Disse o Corvo: “Nunca mais.”


“Profeta ou demônio” – eu disse – “que uma asa negra vestisse!
Se foi a procela ou o diabo quem te trouxe aos meus portais;
se nesta terra arrasada, deserta, agra e amaldiçoada,
se nesta casa assombrada pelo horror, de que não sais,
existe alívio – eu te indago, a ti que daí não sais!”
Disse o Corvo: “Nunca mais.”


“Profeta ou demônio” – eu disse – “que uma asa negra vestisse!
Pelo alto Céu que nos cobre, pelo bom Deus dos mortais,
dize a esta alma – te conjuro – se nalgum Éden futuro
ela há de rever o puro ser que agora não vê mais,
de Lenore o ser radiante e puro que não vê mais.”
Disse o Corvo: “Nunca mais.”


“Que a senha do nosso adeus seja esse dito, ave ou deus!
Retorna, pois, à procela e aos noturnos litorais!
Sequer uma pluma reste a lembrar o que disseste
e que em meu tédio irrompeste! Deixa, pois, os meus umbrais!
Não biques mais o meu peito e foge dos meus umbrais!”
Disse o Corvo: “Nunca mais.”


E o Corvo não foi embora: lá ficou, lá se demora,
pousado no busto branco de Palas, sobre os umbrais,
com a aparência tristonha de algum demônio que sonha;
e a luz no piso desenha seus contornos fantasmais;
e eis que, perdida, minha alma dos contornos fantasmais
se livrará – nunca mais!




(Tradução de Renato Suttana)*



domingo, 7 de abril de 2013

Yeasayer - "O.N.E." - Eis um som diferente e muito bom.



Yeasayer é uma banda de rock experimental do Brooklyn, New York, formada por Chris Keating, Ira Wolf Tuton e Anand Wilder, primeiro chamou a atenção após aparecer no festival SXSW no início de 2007.

O primeiro CD-single lançado incluiu as músicas "Sunrise" e "2080 " e, foi seguido pelo lançamento do álbum de estréia, "All Hour Cymbals" de 2007. Suas performances ao vivo costumam incluir um visual psicodélico.

Em 2008, o Yeasayer excursionou com MGMT e Man Man e, como banda de apoio de Beck. No mesmo ano, um concerto de um público à capela, "Take Away Show", foi realizada no metrô de Paris. A banda também tocou no Lollapalooza, no Austin City Limits Festival, e nos festivais de Reading e Leeds. Apoiado pelos selos Secretly Canadian e Mute Records, o Yeasayer lançou seu segundo álbum, "Odd Blood", em Fevereiro de 2010, com um influência musical mais pop do que seus trabalhos anteriores.

Escolhi uma música do grupo que é muito boa, espero que você, caro leitor deste blog, goste:

U.M.

Um não é suficiente
Eu não vou parar até você desistir
Aqui, assim como estou, é difícil se divertir
É mais fácil dizer que acabou

Me segure como antes
Me segure como costumava
Me controle como costumava

Não
Você não me move mais
E eu estou feliz que não
Porque eu já não posso te ter mais
Mas eu acho que você deveria saber
Você não me move mais
E eu estou feliz que não
Porque eu já não aguento mais
Oh

O quarto continua aqui quando estou mentindo
Porque o mundo da noite secou
quando perguntei pelo comportamento, eu paguei-os pela mente
Agora eu não duvido que teria sido assim

Me segure como antes
Me segure como costumava
Me controle como costumava

Não
Você não me move mais
E eu estou feliz que não
Porque eu já não posso te ter mais
Mas eu acho que você deveria saber
Você não me move mais
E eu estou feliz que não
Porque eu já não aguento mais
Mais

Me segure como antes
Me segure como costumava
Me controle como costumava
Me segure como costumava
Me segure como antes
Me segure como costumava
Me controle como costumava
Me segure como antes
Me segure como costumava
Me controle como costumava

Não
Você não me move mais
E eu estou feliz que não
Porque eu já não posso te ter mais
Mas eu acho que você deveria saber
Você não me move mais
E eu estou feliz que não
Porque eu já não aguento mais

Mas eu acho que você deveria saber

Por favor, pare de respirar, fique tranquilo
Eu sei que a separação nos mata tanto
Mas eu não quero parar de caris como gotas de chuva
Porque eu me sinto sortudo quando você perde o controle






Fontes: wikipédia, letras,mus.br

sexta-feira, 5 de abril de 2013

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Gato pensa? (Ferreira Gullar)


Dizem que gato não pensa
mas é difícil de crer.
Já que ele também não fala
como é que se vai saber?

A verdade é que o Gatinho,
quando mija na almofada,
vai depressa se esconder:
sabe que fez coisa errada.

E se a comida está quente,
ele, antes de comer,
muito calculadamente,
toca com a pata pra ver.

Só quando a temperatura
da comida está normal,
vem ele e come afinal.

E você pode explicar
como é que ele sabia
que ela ia esfriar?

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O velho (Carlos Drummond de Andrade)


Vocês não acreditam, mas também este cronista costuma ir ao Banco, e não só para pagar contas de luz, gás, telefone. Vai conversar com o Gerente - um gerente simpático, desses que não coçam a orelha quando a gente propõe uma reforma de título. Mas quem sou eu para pleitear tamanha mercê? Procuro o Gerente para conversar sobre amenidades, e ele me ouve com paciência e atenção. Até me conta coisas de seu filho, o Escritor. O Escritor tem três anos e escreve literalmente em todas as paredes da casa. Fareja livros com gravuras e sem gravuras e aprende coisas que eu, possivelmente, ignoro. A curiosidade intelectual do Escritor é insaciável. Assim fazemos do Banco, sem prejuízo dos interesses bancários (pois o Gerente é uma fera para trabalhar no meio das maiores apoquentações), um lugar de grato repouso.

Ontem o gerente estava tão assoberbado de clientes, papéis, telefonemas, recados, que não tive coragem de me aproximar. Fiquei à espera na poltrona, ao lado de dois rapazes que também esperavam. Esperavam e conversavam sobre política, inflação, Copa do Mundo.


– E como vai teu velho?


– Meu velho? Respondeu o outro. – Aquele vai sempre bem. Melhor do que eu, você e todo mundo.


– Qual a última dele?


– Não tem última. Todas são novas e contínuas. Aos sessent’anos – sessenta e lá vai fumaça – nada, corre, entra em pelada, monta, joga vôlei e só não rema porque não encontra companheiros com a mesma fibra, para disputar regata. Enquanto isso, fuma e bebe.


– E... no resto?


– No resto ele é ainda de goleada. Parece mentira, mas as mulheres adoram o Velho, e ele capricha para dar conta do serviço.


– Quantas vezes ele já casou?


– Perdi a conta. Quatro ou cinco, se não me engano. Ou seis. O extraordinário é que nenhuma das ex se queixa dele, todas que conheço continuaram suas amigas e, de um modo ou outro, dão a entender que o desempenho dele é cem por cento. Sabe de uma coisa?


– Sei. Você tem inveja dele.


– Tenho. Pra que mentir? Meu primeiro casamento não deu certo, o segundo menos ainda. Então desisti, agora sou free-lancer. Mas com o Velho é diferente. Todos os casamentos funcionaram.


– Então, por que acabaram?


– O Velho tem uma teoria que casamento não pode esfriar, vira rotina. Antes que isto aconteça, ele passa uma conversa manhosa na gatona – é especialista em gatonas – e o último episódio da novelinha é vivido sem choro nem briga. Um sábio.


– Um mestre.


– É como eu costumo chamá-lo. Ele responde que não tirou diploma e que todo mundo se for habilidoso, tira de letra. Tem dia que chego a me preocupar: “Mestre, olha essas coronárias!” Ele ri, não dá confiança em responder. “Mestre, não tem medo de negar fogo?” Aí então nem se dá ao trabalho de me olhar; faz que não ouviu. O Nuno, meu irmão mais velho – irmão de pai e mãe, do primeiro casamento -, fica besta de ver tanta resistência, e diz que o Velho não existe, que nosso pai é Energia Cósmica em pessoa.


– E teus outros irmãos?


– Os outros? Deixe ver... Somos quatorze irmãos, espalhados no mundo. Todos adoram o Velho, aliás o Nuno também. Falei quatorze, mas só Deus sabe quantos haverá por aí, desconhecidos da gente. Nem o Velho sabe.


– Algum de vocês puxou a ele na vitalidade?


– Uns fazem força, não creio que consigam. Esse negócio não comporta imitação. Ou bem que o cara nasceu com alegria de viver e gozar a vida, ou nasceu sem isso, e não tem vitamina que ajude. Claro que sempre há margem para performances individuais brilhantes, e o normal é a gente ser bem-sucedida – até certo ponto, o ponto X. Mas o Velho excede a marcação. Nunca vi ninguém tão identificado com o mundo, a mulher, as coisas agradáveis da vida. Sem contar vantagem – isso é importante. Não se vangloria de nada. Vive plenamente.


– Quer dizer que ele dá nó até em pingo d’água?


– Não faz outra coisa. Bem, vou indo. Nosso amigo Gerente ainda não se desvencilhou daquele cara, e eu prefiro voltar depois.


– Espera mais um pouco.


– Não posso. Tenho de ir a um batizado.


– Essa não!


– O Velho está me esperando. Me escolheu para padrinho do seu rebento mais novo. Tenho um irmãozinho de dois meses, não te contei ainda? Ciao.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Uma estória muito curta (Ernest Hemingway)


Certa noite quente, em Pádua, carregaram-no para cima do telhado para que ele pudesse olhar a cidade de cima. Depois de algum tempo começou a escurecer, e os holofotes apareceram . Os outros desceram e levaram as garrafas. Ele e Luz podiam ouvi-los no balcão, embaixo. Luz estava sentada na cama. Estava calma e fresca na noite quente.


Luz ficara no turno da noite três meses a fio. Deixaram-na, satisfeitos. Quando a operaram, Luz o preparou para a mesa de operação, e fizeram piadas a respeito de amigos ou enemas. Ele se deixaria anestesiar, mas procurava controlar-se para não dizer bobagens durante o período de tolice e falação. Depois que começara a usar muletas, costumava tirar as temperaturas para que Luz não precisasse sair da cama. Eram só uns poucos pacientes, e todos sabiam do caso. Todos gostavam de Luz. Enquanto ele caminhava pelos corredores, pensava em Luz em sua cama.


Antes de voltar para a frente, foram ao Duomo e rezaram. Estava escuro e calmo, e havia outras pessoas a rezar. Queriam casar-se, mas não havia tempo para os proclamas, e nenhum dos dois tinha certidão de nascimento. Sentiam-se como se fossem casados e queriam que todos o soubessem, a fim de estarem comprometidos.


Luz escreveu-lhe muitas cartas que ele só veio a receber após o armistício. Quinze cartas chegaram à frente num maço que ele arrumou por ordem cronológica e leu ponta a ponta. Eram todas sobre o hospital, e como o amava e como era impossível viver sem ele e como sentia terrivelmente a falta dele todas as noites.


Depois do armistício, combinaram que ele deveria voltar para casa e arrumar um emprego, a fim de que pudessem casar. Luz não iria ter com ele até que tivesse um bom emprego e pudesse ir a Nova Iorque esperá-la. Ficou acertado que não beberia, e ele não queria rever os amigos, nem ninguém mais nos Estados Unidos. Apenas arranjar um emprego e casar. No trem de Pádua para Milão, brigaram por não estar ela disposta a voltar imediatamente. Quando tiveram de dizer adeus na estação de Milão, beijaram-se, mas isso não terminou a briga. Ele ficou doente por dizer adeus daquele jeito.


Voltou para a América de navio, partindo de Gênova. Luz retornou a Pordonone para abrir um hospital. Chovia muito, e era muito solitário lá, e havia um batalhão de arditi aquartelado na cidade. Vivendo naquela cidade lamacenta e chuvosa no inverno, o major do batalhão fazia amor com Luz, e ela, que jamais havia conhecido italianos antes, finalmente escreveu para a América dizendo que o que houvera entre eles fora um caso de garotos. Sentia muito, e sabia que ele provavelmente não compreenderia, mas um dia talvez a perdoasse, e lhe fosse grato, e ela esperava, de modo absolutamente inesperado, casar-se na primavera. Amava-o como sempre, mas compreendia agora que fora apenas um amor de criança. Esperava que tivesse uma bela carreira, e tinha absoluta confiança nele. Sabia que era melhor assim.


O major não se casou com ela na primavera, nem nunca mais. Luz jamais recebeu uma resposta à sua carta para Chicago sobre o caso. Pouco tempo depois, Nick apanhou gonorréia de caixeirinha de uma loja de departamentos enquanto viajavam , num táxi, através de Lincoln Park.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O Aprendizado - Um dia você aprende (William Shakespeare)


Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes, não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quao boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que leva-se anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante, das quais se arrependerá pelo resto da vida.

Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem da vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.

Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa - por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a ultima vez que as vejamos.

Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.

Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve.

Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências.

Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute quando você cai, é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas, do que com quantos aniversários você celebrou.

Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.

Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.

Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.

Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte.

Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.

E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!

Os políticos são o espelho da sociedade.

      O nosso problema não está no fato de o país ser unitário ou federado, de ele ser república ou monarquia, de ele ser presidenciali...