quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Liberdade (Fernando Pessoa)


Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

9 comentários:

  1. Em 1578, contrariando a vontade do Reino, Dom Sebastião desembarcou na África e enfrentou os mouros em Alcacer Quibir, no Marrocos. Em questão de i hora, o exército português foi derrotado. Dom Sebastião tombou em combate, precipitou-se nas fileiras inimigas. Como nunca foi encontrado, há um costume em Portugal de esperar pela volta de Dom Sebastião....Daí a menção feita por Fernando Pessoa nesta bela poesia.

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  2. ola guri
    lindinhu poema do grande Fernando Pessoa
    adoro o final do poema da um ar debochado ao meus olhos XD

    bjim guri

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  3. Gostei do poema,principalmente do final,grandes verdades!!!
    abçs!!!

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  4. Gerci,
    Fernando Pessoa é ótimo!
    bela a tua escolha, rico em detalhes e verdades!

    bjus

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  5. Imagino gênios como esse "tal" Fernando em seus momentos de exaltação poéticas...poderia até ver uma supernova!!
    Abçs!!

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  6. Olá!!!
    Eu adoro Fernando Pessoa! Na faculdade li muito, estudei sobre seus homônimos e quanto mais lia, mais me encantava! Engraçado que posso ler 500 vezes um mesmo poema e cada vez recebo de forma diferente...
    Muito bom mesmo! Obrigada !
    Grande beijo,
    Jackie

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  7. Fernando Pessoa soube escrever uma palavras para cada assunto...
    Para mim o POETA MAIOR, sempre.
    Abraços

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