segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A Presidente ou a Presidenta? Eis a questão.



Bem, pelo que quase todos nós sabemos as palavras com a terminação - nte, de origem latina, têm forma fixa, isto é, são substantivos de dois gêneros, portanto, iguais tanto para o masculino quanto para o feminino, mudando somente o artigo, exemplos: o/a gerente, o/a dirigente, o/a pagante, o/a pedinte. Em certos casos, porém, podemos utilizar as formas femininas, em que o “e” pode ser substituído pelo “a”. Clienta, por exemplo, é um substantivo que pode ser empregado nas duas formas: “a cliente” ou “a clienta”. Presidenta, grande polêmica, também é uma das exceções à regra. Podemos dizer e escrever “a Presidente” ou “a Presidenta”, ambas sem o menor constrangimento.


Para que não paire nenhuma dúvida, a forma presidenta é aceita e está registrada no VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), da ABL, pelo menos desde a edição de 1998, e também em várias gramáticas. Apenas era mais usual em Portugal. Em artigo escrito pelo imortal acadêmico e gramático Evanildo Bechara, publicado em jornal de grande circulação (O Dia), podemos ler: "(...) A língua permitirá "a presidente" ou "a presidenta" em referências à nova ocupante do cargo (...). Os nomes terminados em -e são mais resistentes a uma regra gramatical na formação do feminino. "Mestre/Mestra", "parente/parenta", "infante/infanta" são correntes, e não doem no ouvido; mas tal facilidade não se dá com "ouvinte", "estudante", "amante" e muitos outros. O repertório lexical que regula ocorrências nos mostra a presença de "a presidente" com um pouco mais frequência do que "a presidenta". Com "vice-" a forma vitoriosa é "presidente" sobre "presidenta" (7/11/2010)". – Para não deixar dúvidas.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A Sétima Arte está de luto, morreu Robin Williams



Robin Williams, um grande ator e um grande comediante estadunidense, faleceu na segunda-feira, 11 de agosto. Seus papéis no cinema foram, na sua maioria, memoráveis. Ficou famoso por atuações em filmes como "Patch Adams - O Amor é Contagioso" e "Sociedade dos Poetas Mortos". Uma Pena, ele tinha somente 63 anos, portanto, havia muita lenha para queimar. O vício a depressão, no entanto, não permitiram que ele continuasse na luta. Tudo indica que Robin Williams tenha cometido suicídio. Às vezes nem toda a fama e sucesso do mundo podem nos trazer felicidade e vontade de viver. Foi que aconteceu com ele, infelizmente. Descanse em paz, querido Williams. Você ficará em nossas memórias.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

The Normal Heart, deixe o preconceito de lado e assista.



Eu estava fuçando os canais pagos à procura de um bom filme, não é sempre que se consegue encontrar um bom filme nos canais pagos, por incrível que pareça, pois bem, encontrei um que vale a pena perder uns minutinhos para assistir. O filme em questão é “The Normal Heart”, uma produção de 2014. Um belo filme, muito bem construído, ótimo roteiro e excelentes atores, menção especial para Julia Roberts e Mark Ruffalo. Um filme feito para a televisão, dos canais HBO, porém, essa obra merecia uma exibição na telona, indubitavelmente.

Ned Weeks (Mark Ruffalo) é um escritor e seu namorado Felix (Matt Boomer) contrai o vírus da AIDS, portanto, nota-se a temática gay. Mas atenção: “The Normal Heart” é um filme baseado em fatos reais. A história toda se passa em torno do casal e sua luta contra o preconceito e a discriminação.  Need Weekes tem como sua principal bandeira mostrar para o mundo que a doença não deve ser vista como um "câncer gay", ideia comprada pela médica cadeirante Emma Brokner (Julia Roberts), que passa a agitar a causa dentro da comunidade científica.

Sem mais delongas, é um filmaço!


terça-feira, 3 de junho de 2014

Prece do Brasileiro (Carlos Drummond de Andrade)




Meu Deus,
só me lembro de vós para pedir,
mas de qualquer modo sempre é uma lembrança.
Desculpai vosso filho, que se veste
de humildade e esperança
e vos suplica: Olhai para o Nordeste
onde há fome, Senhor, e desespero
rodando nas estradas
entre esqueletos de animais.
Em Iguatu, Parambu, Baturité,
Tauá
(vogais tão fortes não chegam até vós?)
vede as espectrais
procissões de braços estendidos,
assaltos, sobressaltos, armazéns
arrombados e – o que é pior – não tinham nada.
Fazei, Senhor, chover a chuva boa,
aquela que, florindo e reflorindo, soa
qual cantata de Bach em vossa glória
e dá vida ao boi, ao bode, à erva seca,
ao pobre sertanejo destruído
no que tem de mais doce e mais cruel:
a terra estorricada sempre amada.
Fazei chover, Senhor, e já! numa certeira
ordem às nuvens. Ou desobedecem
a vosso mando, as revoltosas? Fosse eu Vieira
(o padre) e vos diria, malcriado,
muitas e boas… mas sou vosso fã
omisso, pecador, bem brasileiro.
Comigo é na macia, no veludo/lã
e matreiro, rogo, não
ao Senhor Deus dos Exércitos (Deus me livre)
mas ao Deus que Bandeira, com carinho
botou em verso: “meu Jesus Cristinho”.
E mudo até o tratamento: por que vós,
tão gravata-e-colarinho, tão
vossa excelência?
O você comunica muito mais
e se agora o trato de você,
ficamos perto, vamos papeando
como dois camaradas bem legais,
um, puro; o outro, aquela coisa,
quase que maldito
mas amizade é isso mesmo: salta
o vale, o muro, o abismo do infinito.
Meu querido Jesus, que é que há?
Faz sentido deixar o Ceará
sofrer em ciclo a mesma eterna pena?
E você me responde suavemente:
Escute, meu cronista e meu cristão:
essa cantiga é antiga
e de tão velha não entoa não.
Você tem a Sudene abrindo frentes
de trabalho de emergência, antes fechadas.
Tem a ONU, que manda toneladas
de pacotes à espera de haver fome.
Tudo está preparado para a cena
dolorosamente repetida
no mesmo palco. O mesmo drama, toda vida.
No entanto, você sabe,
você lê os jornais, vai ao cinema,
até um livro de vez em quando lê
se o Buzaid não criar problema:
Em Israel, minha primeira pátria
(a segunda é a Bahia)
desertos se transformam em jardins
em pomares, em fontes, em riquezas.
E não é por milagre:
obra do homem e da tecnologia.
Você, meu brasileiro,
não acha que já é tempo de aprender
e de atender àquela brava gente
fugindo à caridade de ocasião
e ao vício de esperar tudo da oração?
Jesus disse e sorriu. Fiquei calado.
Fiquei, confesso, muito encabulado,
mas pedir, pedir sempre ao bom amigo
é balda que carrego aqui comigo.
Disfarcei e sorri. Pois é, meu caro.
Vamos mudar de assunto. Eu ia lhe falar
noutro caso, mais sério, mais urgente.
Escute aqui, ó irmãozinho.
Meu coração, agora, tá no México
batendo pelos músculos de Gérson,
a unha de Tostão, a ronha de Pelé,
a cuca de Zagalo, a calma de Leão
e tudo mais que liga o meu país
e uma bola no campo e uma taça de ouro.
Dê um jeito, meu velho, e faça que essa taça
sem milagres ou com ele nos pertença
para sempre, assim seja… Do contrário
ficará a Nação tão malincônica,
tão roubada em seu sonho e seu ardor
que nem sei como feche a minha crônica.

domingo, 23 de março de 2014

As marchas, as contramarchas e as mentiras históricas. por Roney Maurício

agência O Dia
Estou já há um bom tempo "militando" nas redes sociais, mas confesso que poucas vezes vi um clima de tamanha animosidade quanto o que se criou com as recentes marchas da "Família" e "Antifascista". A novidade agora é que os ânimos alterados não se limitam mais aos opostos ou adversários políticos, mas contaminam as relações até entre aliados ou "amigos". Alguém que esteja cotidianamente posicionado contra o atual grupo no poder, contra suas teses e seu esquerdismo infantil; pode se ver atacado por quem concorda em tudo, exceto quanto à realização de uma marcha evocando intervenção militar numa democracia. As paixões só não terminam em vias de fato porque, felizmente, estamos em ambiente virtual... Mas, afinal, quem representa estas paixões? Em nome de quem e do quê alguns querem marchar com Deus e outros impedir que marchem os "fascistas"?

Bem, os dois grupos antípodas são perdedores e, por isso, faz todo o sentido o esforço que fazem para mudar a História. A turma que se dispôs a ir para as ruas "enfrentar" a Marcha da Família, é a mesma que apoia as Comissões da Verdade, que quer revogar a Lei da Anistia e que quer punir generais velhinhos que ainda sobreviveram aos muitos anos passados. Essa gente perdeu em várias instâncias. Primeiro, perderam a "guerra" propriamente dita: foram mortos, torturados, exilados e, finalmente, anistiados. Estiveram ao largo do processo histórico que permitiu ao Brasil voltar à normalidade democrática. Foram meramente beneficiários desse processo; não atores, nem autores. 

Agora querem vender a tese, impossível de se confirmar pela História, de que sacrificaram-se para o país voltar à democracia. MENTIRA! Em sua grande maioria, quem se meteu na luta armada tinha perfil revolucionário e queria instalar no país o que, no passado, chamava-se de "ditadura do proletariado". Esta mesma, também derrotada pela História. Não, não lutaram pela volta da democracia; ao contrário, foram motivo ou instrumento do fechamento progressivo do regime. Por isso precisam tanto do "perdão histórico" que tentam obter (inutilmente) com as Comissões da Verdade. Apenas a execração pública de seus adversários à época pode dar a sensação de que foram de fato heróis e não apenas tolos radicais que todos sabem que eram. Quando se auto-intitulam antifascistas querem, por osmose, identificar-se com grupos que, no passado e em outros países, combateram o nazi-fascismo. Como qualquer um minimamente informado sabe, nesses grupos tinha-se de tudo, menos comunistas da linha oficial...

Do outro lado também só há perdedores. O próprio regime militar o maior deles: pois que findou com o rabo entre as pernas, deixando uma onerosíssima herança em termos políticos, econômicos e sociais. A crise econômica é a mais evidente, já que condenou o país a uma década perdida e a uma inflação que nos tomou 20 anos para debelar. Mas não a única: o Brasil, que ainda exibe vergonhosos índices sociais, já foi muito pior. Já foi o país com a maior desigualdade de renda do mundo e índices africanos de desenvolvimento humano. Que melhoraram sobremaneira nos últimos 20 e poucos anos. Do ponto de vista político o desastre também é visível e basta ver a turma que hoje disputa as eleições presidenciais para entender o quanto o regime prejudicou a formação de novas lideranças políticas. 

Quem defende o regime militar também quer a reabilitação histórica e como seus contrários, usa a demonização do adversário e a mistificação como instrumentos. Para justificar a ilegalidade e a deposição de um governo constitucional apelam para a paupérrima tese do "contragolpe revolucionário". Como seus contrários querem se vender como salvadores da democracia, quando foram, eles sim, agentes da quebra da normalidade institucional. Pior: justificam o fechamento do regime e a violentíssima repressão que se seguiu à ação de um bando de adolescentes. Estes, que se julgavam os castristas do Brasil, pensavam que tomariam o poder com meia dúzia de combatentes em longínquas selvas ou nas cidades coalhadas de militares e seus agentes... 

Opostos na visão da história e na concepção do mundo e tão parecidos nos resultados concretos e nos métodos, defensores e opositores do regime militar são os perdedores tentando reescrever a História. E quem ganhou, que não esteve em nenhum desses dois lados, agora corre os riscos associados ao renascimento desses dois fantasmas!

Roney Maurício é economista

terça-feira, 11 de março de 2014

A Origem da Vida

Ora vejam só, “Jesus Henry Christ”, título original, é o primeiro longa-metragem no qual a atriz Julia Roberts no figura entre os produtores. Ela participa da produção executiva deste belo filme. A produção conta ainda com a direção de Dennis Lee. Para quem não sabe ele dirigiu o filme “Um segredo entre nós”.  Além de Dennis Lee e Julia Roberts o que torna o filme bastante especial é a atuação de um elenco formado por atores adultos e mirins. Os atores estão impecáveis em seus papéis. Soberbos!

Jesus Henry Christ é um filme em que não se espera nada, até começarmos a assisti-lo, então nos surpreendemos minuto a minuto com o desenrolar da trama, vale a pena cada minuto. A narrativa não tem nada de extraordinário, extraordinário é o filme em si. Conta a “estória” do pequeno Henry (Jason Spevac), que tem um QI elevadíssimo. O drama se desenvolve em torno do garoto que, apesar de sua inteligência fora do comum, mostra-se uma criança normal diante do fato de não conhecer seu pai (vivido por Michael Sheen, de Meia Noite em Paris, ótimo ator). Então, inicia-se uma procura pela paternidade, onde a mãe (Toni Collette, de Mentes Diabólicas) ajuda o filho nesta nova fase de encontro com um passado desconhecido, sem falar na jovem Samantha Weinstein que interpreta a irmãzinha do pequeno Henry. Tudo de bom, atores, diretor e produção acertaram na mão em “Jesus Henry Christ” que para nós brasileiros tem um título diferente “A Origem da Vida”... E se formos analisar direitinho, o título em português até que fica bem.

TÍTULO ORIGINAL: Jesus Henry Christ (2012)
TÍTULO EM PORTUGUÊS: A origem da Vida
TEMA: comédia
DURAÇÃO: 92 NINUTOS
ANO: 2012
DIRETOR: Dennis Lee
ROTEIRISTA: Dennis Lee

ATORES: jason Spevac, Toni Collette, Michael Sheen, Samantha Weinstein

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Comentaristas na TV em extinção - Por José Nêumanne Pinto

Qual a hipótese mais grave e preocupante que teria motivado a demissão de três comentaristas que atuavam nos noticiários do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) – Denise Campos de Toledo, Carlos Chagas e eu –, comunicada aos três na sexta-feira 7 de fevereiro: a oficial ou a paralela? O diretor de jornalismo da empresa, Marcelo Parada, me comunicou que um tal “comitê de programação” da emissora havia decidido extirpar a opinião dos telejornais da casa em nome do primado da notícia. Numa versão aparentemente mais técnica, que circulou em textos divulgados em redes sociais por blogueiros simpáticos à causa, os comentários em questão prejudicavam a “dinâmica” dos noticiários. A versão oficiosa, negada pelos mesmos blogueiros, era mais apimentada: nenhuma pessoa sensata apostaria um centavo na minha sobrevivência na emissora desde que Parada assumiu a direção. Não é secreta para ninguém sua notória parceria com o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Rui Falcão, que não deve ser um admirador muito fanático da independência absoluta que sempre tive no SBT nas três vezes em que comentei assuntos políticos por lá. Da mesma forma, tinha sido amplamente noticiada a generosidade com que a cúpula petista tratou o momentoso episódio da falência do Banco Panamericano, empresa do grupo Sílvio Santos. Teria sido, enfim, concluída a crônica de minha demissão anunciada?
Bem, fofocas não pagam dívida e a resposta a essa questão só pode ser dada com fatos. Vamos a eles. Fui nomeado três vezes comentarista do SBT por Sílvio Santos, que me disse admirar a forma sucinta e simples com que explico a meus ouvintes da Pan intrincados assuntos da política. Minha primeira passagem terminou quando Boris Casoy foi para a Record e o patrão exterminou o departamento de jornalismo. A segunda teve fim com a contratação de Ana Paula Padrão, que mandou Luiz Gonzaga Mineiro me demitir do jornal ancorado por Hermano Henning, com o qual ela nada tinha a ver, mas faz tempo que desisti de entender esse tipo de falta de senso de loção, como dizia minha tia louca. Desta vez, apesar de não ser um veterano da casa, Parada cumpriu todos os rituais da crueldade e da deselegância na demissão dos três profissionais com currículos que mereciam dele mais respeito. De sua sala fui levado pela secretária para o RH que me comunicou o encerramento do contrato com o pagamento dos sete dias de trabalho de fevereiro. Bem, isso também faz parte da rotina.
A descortesia a que me refiro é outra e tem história. Nem Parada nem seu segundo, Ricardo Melo, fizeram durante esta minha terceira passagem pelo SBT NENHUM reparo a algum comentário de minha lavra – nem contra, nem a favor, nem muito pelo contrário. Na verdade, nenhum dos dois jamais me deu uma orientação ou algum aviso. Melo se abstinha desse dever elementar de qualquer chefe de redação alegando que eu era livre para dizer o que quisesse. Dizia respeitar minha livre expressão, conquista da democracia burguesa que ele, como leal trotskista, desprezava. Tudo bem. Também está no jogo.
Agora tomo conhecimento por interpostas pessoas que fazem fofoca em redes sociais que desde outubro eu já estava fora do SBT Brasil, “carro-chefe” do jornalismo da casa. Uma vez, interpelei Melo (por uma questão de hierarquia e também pelo fato de que era mais comum encontrá-lo na redação do que me deparar lá com Parada) a respeito. E ele me deu uma resposta satisfatória: “Sílvio lhe paga salário e você grava. E me paga para decidir se seu comentário entra ou não no jornal”. Achei a explicação razoável e nunca mais me preocupei em conferir se o comentário que eu gravava tinha sido editado no telejornal do horário nobre, ou não. Não era tão importante: nunca deixou de ir ao ar nenhum comentário que eu tivesse gravado para o Jornal do SBT e para o Jornal do SBT Manhã. E era isso que produzia a imensa satisfação de ser apoiado e elogiado por gente simples: garçons, porteiros, manobristas… Na certa, foi também isso que decidiu a escolha feita pelo público em pesquisa da Abril Educação que planejou cursos em parceria com o SBT e escalou os três profissionais do elenco da emissora considerados de maior credibilidade pelo público: Ratinho, Celso Portioli e eu. O projeto não prosperou, mas duvido que tenha sido por minha causa ou dos dois queridos companheiros citados junto comigo.
Dito isso, concluo garantindo que não acredito que Parada tenha sido desrespeitoso com profissionais do quilate de Carlos Nascimento e Hermano Henning, que sempre usaram meus comentários, ao desprezar o fato chamando a atenção para minha ausência no noticiário apresentado também por minha conterrânea Rachel Sheherazade e meu companheiro na Pan Joseval Peixoto. Ele não deve ter feito isso.
Ainda que saiba que meus comentários não agradam a cúpula do PT, também não acredito que minha saída se deva a uma pressão sobre o companheiro diretor, mesmo porque Denise e Chagas nada têm que ver com minha ousada impertinência de todo dia. Se minhas críticas obstinadas tivessem algum peso eleitoral, Lula não teria sido eleito duas vezes nem Dilma teria derrotado José Serra, embora eu também não costume ser condescendente com esses tucanos de alto plumagem.
Além do mais, a meu ver, o histórico de imprudências de Parada não inclui a possibilidade de negar a teoria oficial do fim dos comentários substituindo minha presença no dia-a-dia por algum comentarista mais domesticado de acordo com o gosto dos companheiros. Seria uma confissão de culpa imperdoável. Seria também muito menos grave do que de fato deve ter ocorrido.
Acredito piamente e lamento mais ainda que ele não tenha mentido: o que fez foi mesmo substituir comentários por mais notícias. Em vez de um sujeito pernóstico deitando regras, o atual SBT prefere mostrar o flagrante da morte do frentista, o bebê que está bombando na Internet ou o macaquinho dançarino. Não me sinto vítima de nenhum tipo de retaliação nem mártir do jornalismo opinativo na TV. Infelizmente, sou apenas o representante de uma espécie em extinção: a do jornalista que tem opinião e por isso, goza de credibilidade. Em vez de rojões disparados por black blocs, Denise, Chagas e eu estamos sendo vitimados pela mordaça imposta em nome da prioridade da informação.


Publicado originalmente no Observatório da Imprensa

Os políticos são o espelho da sociedade.

      O nosso problema não está no fato de o país ser unitário ou federado, de ele ser república ou monarquia, de ele ser presidenciali...