terça-feira, 28 de junho de 2011

AMOR E SANGUE (Alcântara Machado)



Sua impressão: a rua é que andava, não ele. Passou entre o verdureiro de grandes bigodes e a mulher de cabelo despenteado.

- Vá roubar no inferno, Seu Corrado!

Vá sofrer no inferno, Seu Nicolino! Foi o que ele ouviu de si mesmo.

- Pronto! Fica por quatrocentão.

- Mas é tomate podre, Seu Corrado!

Ia indo na manhã. A professora pública estranhou aquele ar tão triste. As bananas na porta da QUITANDA TRIPOLI ITALIANA eram de ouro por causa do sol. O Ford derrapou, maxixou, continuou bamboleando. E as chaminés das fábricas apitavam na Rua Brigadeiro Machado.

Não adiantava nada que o céu estivesse azul porque a alma de Nicolino estava negra.

- Ei, Nicolino! NICOLINO!

- Que é?

- Você está ficando surdo, rapaz! A Grazia passou agorinha mesmo.

- Des-gra-ça-da!

- Deixa de fita. Você joga amanhã contra o Esmeralda?

- Não sei ainda.

- Não sabe? Deixa de fita, rapaz! Você...

- Ciao.

- Veja lá, hein! Não vá tirar o corpo na hora. Você é a garantia da defesa.

A desgraçada já havia passado.

Ao Barbeiro Submarino. Barba: 300 réis.
Cabelo: 600 Réis. Serviço Garantido.

- Bom dia!

Nicolino Fior d'Amore nem deu resposta. Foi entrando, tirando o paletó, enfiando outro branco, se sentando no fundo a espera dos fregueses. Sem dar confiança. Também Seu Salvador nem ligou.

A navalha ia e vinha no couro esticado.

- São Paulo corre hoje! É o cem contos!

O Temístocles da Prefeitura entrou sem colarinho.

- Vamos ver essa barba muito bem feita! Ai, ai! Calor pra burro. Você leu no Estado o crime de Ontem, Salvador? Banditismo indecente.

- Mas parece que o moço tinha razão de matar a moça.

- Qual tinha razão nada, seu! Bandido! Drama de amor cousa nenhuma. E amanhã está solto. Privações de sentidos. Júri indecente, meu Deus do Céu! Salvador, Salvador... - cuidado aí que tem uma espinha - ... este país está perdido!

- Todos dizem.

Nicolino fingia que não estava escutando. E assobiava a Scugnizza.

As fábricas apitavam.

Quando Grazia deu com ele na calçada abaixou a cabeça e atravessou a rua.

- Espera aí, sua fingida.

- Não quero mais falar com você.

- Não faça mais assim pra mim, Grazia. Deixa que eu vá com você. Estou ficando louco, Grazia. Escuta. Olha, Grazia! Grazia! Se você não falar mais comigo eu me mato mesmo. Escuta. Fala alguma cousa por favor.

- Me deixa! Pensa que eu sou aquela fedida da Rua Cruz Branca?

- O quê?

- É isso mesmo.

E foi almoçar correndo.

Nicolino apertou o fura-bolos entre os dentes.

As fábricas apitavam.

Grazia ria com a Rosa.

- Meu irmão foi e deu uma bruta surra na cara dele.

- Bem feito! Você é uma danada, Rosa. Xi!...

Nicolino deu um pulo monstro.

- Você não quer mesmo mais falar comigo, sua desgraçada?

- Desista!

- Mas você me paga, sua desgraçada!

- Nã-ã-o!

A punhalada derrubou-a.

- Pega! Pega! Pega!

- Eu matei ela porque estava louco, Seu Delegado!

Todos os jornais registraram essa frase que foi dita chorando.

Eu estava louco ---------------
Seu Delegado! ----------------
Matei por isso! ---------------- Bis
Sou um desgraçado! --------

O estribilho do Assassino por amor (Canção da atualidade para ser cantada coma música do "FUBÁ", letra de Spartaco Novais Panini) causou furor na zona.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Livro que induz os alunos ao erro é distribuído pelo MEC.



O livro Por uma Vida Melhor, da Coleção Viver, Aprender, adotado pelo MEC, trouxe à baila uma antiga polêmica. De um lado, estão os catedráticos da língua que defendem a obra, pois, para estes, frases como “Nós pega o peixe” fazem com que os alunos das classes populares sintam-se incluídos, e com isso tenham maior facilidade em aprender a norma culta. De outro lado, estão os que criticam a dita cuja. Criticam por acreditarem que esta prática limita a ascensão social dos próprios alunos. Como se pode perceber, há uma grande discussão em torno do assunto.
O MEC está certo em adotar tal “obra didática”? Claro que não, em hipótese alguma. Um livro desses não deveria ser utilizado nas escolas brasileiras. Obviamente há o nível culto e o nível coloquial da língua. A língua agrega, em geral, uma comunidade, um povo. A fala, por sua vez, tem caráter pessoal, modifica-se de acordo com sua história pessoal, suas intenções e sua maior ou menor aquisição de conhecimentos. Os dois grandes níveis de fala, o coloquial e o culto, são determinados pela cultura e formação escolar dos falantes, pelo grupo social a que eles pertencem e pela situação concreta em que a língua é utilizada. Um falante adota modos diferentes de falar dependendo das circunstâncias em que se encontra: conversando com amigos, expondo um tema histórico na sala de aula ou dialogando com colegas de trabalho.
O Brasil é um país que, tem milhões de analfabetos funcionais, possui um ensino público de qualidade paupérrima, tem a maioria de seus professores com qualificação insuficiente. É contraproducente a idéia de se adotar um livro com essa temática. Eu tive, nos tempos de aluno colegial, uma grande professora da língua portuguesa que dizia: Podemos cometer erros, podemos falar errado, mas, não podemos escrever errado, na escrita a norma culta tem de prevalecer. É isso aí, nas salas de aula os professores têm o dever de falar corretamente e, vou mais além, eles têm a obrigação de corrigir seus alunos sempre que percebam algum erro.
“Nós vai”, “A gente fomos” e outras frases parecidas são utilizadas pela maioria da população carente por um simples motivo: não houve acesso à educação de qualidade, A muitos cidadãos não lhes foi dado nem acesso à educação. A língua está em constante evolução, constantemente o nosso vocabulário ortográfico da língua portuguesa faz os ajustes necessários. Mas nas salas de aula deve-se primar pela perfeição, pela correção. A norma culta é a única aceitável em um livro didático.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A rosa azul (Humberto de Campos)



O comendador Luiz de Faria acabava de fechar os olhos à velha marquesa de São Justino, adoçando-lhe o momento da morte com a noticia alvissareira e mentirosa da completa regeneração do seu neto, o estudante Guilherme de Araújo, quando o encontrei à porta da casa funerária, à espera do seu automóvel. Abalado, ainda, pela emoção daquele instante, em que tivera de lançar mão de uma falsidade para perfumar o último sopro de uma vida de virtudes e sofrimentos, o antigo par do reino português aceitou um lugar no meu "taxi", e confessou-me, em viagem:

- A mentira, meu amigo, é, às vezes, uma necessidade. Aquela de que me socorri há meia hora, para suavizar a morte de uma santa, de uma senhora cuja maior esperança consistia no futuro de um neto que se desgarrara do lar, era tão necessária como a do prior da Cartuxa para alegrar a agonia daquele célebre monge do Bussaco.

Eu olhei, interrogativamente, o meu companheiro de viagem, e ele, percebendo a ignorância, indagou, com admiração:

- Não conhece, então, a lenda da rosa azul?

À minha afirmativa, que lhe pareceu estranha, o comendador apoiou as mãos robustas no castão de ouro da bengala, e contou:

- No Mosteiro da Cartuxa, no Bussaco, em Portugal, vivia, em séculos que já se foram, um piedoso e santo monge, cuja vida se consumia, inteira, entre a oração e as rosas. Jardineiro da alma e das flores, passava ele as manhãs de joelhos, no silencio da nave, aos pés de um Cristo crucificado, e as tardes, no pequeno jardim da ordem, curvado diante das roseiras, que ele próprio plantava e regava.

O comendador interrompeu um momento a narrativa, recostou-se na almofada, e continuou:

A sua paciência de jardineiro era absorvida, entretanto, por uma idéia, que era um sonho: encontrar a rosa azul das legendas do Oriente, de que tivera noticia, uma noite, ao ler os poemas latinos dos velhos monges medievais. Para isso, casava ele as sementes, os brotos, fundia os enxertos, combinando as terras, com que as cobria, e as águas, com que as regava, esperando, ansioso, o aparecimento, no topo da haste, do sonhado botão azul! Ao fim de setenta anos de experiências e sonhos, em que se lhe misturavam na imaginação as chagas vermelhas de Cristo e as manchas celestes da sua rosa encantada, surgiu, afinal, no coroamento de um galho de roseira, um botão azul, como o céu. Centenário e curvado, o velhinho não resistiu à emoção; adoeceu, e, conduzido à cela, ajoelhou-se diante do Crucificado, pedindo-lhe, entre soluços pungentes, que, como prêmio à santidade da sua vida, não lhe cerrasse os olhos sem que eles vissem, contentes, o desabrochar da sua rosa azul.

Uma nova pausa, e o meu companheiro tornou:

- Em volta do santo velhinho, no catre do mosteiro, todos choravam, compungidos. E foi, então, que, divulgada de boca em boca, foi a noticia ter a um convento das proximidades, onde jazia, orando e sonhando, uma linda infanta de Portugal. Moça e formosa, e, além de formosa e moça, - fidalga e portuguesa, compreendeu a pequenina freira, no jardim do seu sonho, o valor daquela ilusão, e correu à sua cela, consumindo toda uma noite a fazer, com os seus dedos de neve, uma viçosa flor de seda azul, que perfumou, ela própria, com essência de gerânio. E no dia seguinte, pela manhã, morria no seu catre, sorrindo entre lágrimas de alegria, por ter nas mãos tremulas, por um milagre do céu, a sua rosa azul!

O "taxi" parava no meio-fio da calçada, o comendador acrescentou, estendendo-me a mão agradecida:

- Feliz, meu amigo, aquele que morre, como esse monge e a marquesa, apertando nas mãos a rosa, mesmo mentirosa, de uma roseira de que cuidou toda a vida.

terça-feira, 21 de junho de 2011

A ingerência do estado na educação familiar.

“Kit gay” e “ensino religioso” nas escolas e a “lei da palmada”. Medidas que criaram muita polêmica junto aos meios de imprensa. O importante é definir qual é o papel do estado na vida das famílias, até que ponto é aceitável a ingerência do estado em questões que dizem respeito à família. 

O kit gay seria, em princípio, uma boa idéia. Mas tornou-se o calcanhar de Aquiles do MEC. Uma medida simples, porém, importante e necessária. Mas da maneira como foi conduzida pela equipe do MEC a medida saiu do foco e seu objetivo tornou-se outro. Qual seria o foco principal dessa medida? Obviamente seria o combate discriminação, o combate à homofobia. Não foi isso o que aconteceu. Ao vermos as cartilhas os panfletos e principalmente o vídeo notamos que há uma clara tentativa de se popularizar a homossexualidade entre os adolescentes. Uma clara apologia ao homossexualismo. Nada contra a apologia, mas este não é o papel do estado. Não é função de o estado fazer apologia ao homossexualismo, ao estado cabe a defesa dos direitos de seus cidadãos. Portanto, uma medida orientando nossos adolescentes a respeito do bullying seria a mais indicada. O Bullying abrange todas as formas de agressões, incluem-se aí as agressões físicas e psicológicas. 

Recentemente voltou-se a ensinar religião nas escolas. Religiosidade é bom, mas também não cabe ao estado. A religiosidade é uma função familiar. Se fosse só para ensinar a história das religiões, a formação das religiões, tudo bem. Porém, não se trata disso. Estão ensinando a bíblia. Num estado laico isso é inconcebível. As catequeses e escolas dominicais são as responsáveis pela educação religiosa dos nossos adolescentes. E isso é uma prerrogativa dos pais, a educação religiosa está no seio da família. Famílias judias ensinam o judaísmo, famílias cristãs ensinam o cristianismo, as famílias muçulmanas ensinam o islamismo, a famílias budistas ensinam o budismo e assim por diante. Uma nação em que o estado é laico e a sociedade pluralista não podem ensinar o cristianismo nas escolas. O governo não deve ensinar uma determinada religião em escolas apenas porque esta representa a maioria da população. Como se sentiriam os pais cristãos se de repente o estado incluísse outras doutrinas religiosas no currículo das escolas? É algo para se pensar. Por isso o estado está totalmente errado em ensinar o cristianismo ou qualquer religião que seja. 

A polêmica lei da Palmada é a mais aceitável para a educação das crianças. Uma lei bem-elaborada e aceita por quase todos os especialistas da área. Há muita controvérsia, pois os pais acham que podem ser detidos apenas por darem uma reprimenda em seus filhos. Claro que isso não acontecerá, será detido o pai que espancar seus filhos. Prisão por maus tratos já ocorre na atualidade. São os novos tempos, hoje se utiliza a psicologia para auxiliar na educação, coisa perfeitamente absorvível pela sociedade. 

Com tantas medidas vindas de cima para baixo devemos ficar atentos, pois há um limite até o ponto em que o governo deve interferir em nossas vidas.

domingo, 19 de junho de 2011

Tempo perdido (Legião urbana)



Dois é o nome dado ao segundo álbum da banda brasileira de rock Legião Urbana, lançado em julho de 1986, esse trabalho da Legião Urbana tornou-se um dos maiores sucessos da banda. Um álbum antológico, com músicas marcantes e atemporais, carregado de teor político e temas reflexivos. Renato Russo era um grande compositor e pensador de seu tempo, e sabia como ninguém abordar temas que se faziam pertinentes à época. Ele era a voz e alma da juventude brasileira em tempos que pediam ícones expressivos. Houve várias bandas de rock que salvaguardavam o pensamento juvenil num período de transição, momentos que antecederam a democracia. Momentos que em suma foram de grande importância para uma democracia ainda incipiente.

Dentre todas as músicas deste magnífico álbum há uma em especial. Quem pensou em “Eduardo e Mônica”, “Faroeste Caboclo”, “índios” e “Quase sem querer” enganou-se. A música em questão é “Tempo Perdido”. Uma música que aborda o tempo perdido pelos jovens, pois quando somos jovens não temos a noção de que o tempo passa, os jovens pensam que são donos do tempo, e quando percebem descobrem que não se aperceberam da importância de se aproveitar bem o tempo que dispõem. Temos todo tempo do mundo... Não temos tempo a perder; A antítese que há entre as frases da letra nos detalha perfeitamente o que pensam os jovens, pois nós temos o nosso próprio tempo, porém, não temos todo tempo do mundo.

Tempo perdido

Legião Urbana
Composição : Renato Russo

Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...

Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...

Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo 
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!...

Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos...

Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo...

Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens...

Tão Jovens! Tão Jovens!...



quinta-feira, 16 de junho de 2011

Deu a lógica, STF libera a marcha da maconha



Muita polêmica, muita discussão sobre a marcha da maconha. Uns contra, outros a favor. Nervos à flor da pele por parte de alguns. Muita confusão entre o direito de se expressar e a liberação da droga em questão. Quanto ao uso de drogas, sou contra, claro. Entretanto, não recrimino quem as use. Mas nem todos pensam assim. Haja vista a discussão sobre o assunto.

Os cidadãos contrários à marcha da maconha argumentam que esse tipo de manifestação induz os jovens ao uso, fazendo-se assim uma clara apologia às drogas. Os defensores, por sua vez, alegam que têm todo o direito em se manifestar. Os defensores da cannabis tentaram realizar a tal marcha em várias ocasiões, mas, através do ministério público, foram barrados na justiça. Resultado, a polêmica foi levada ao STF.

É bom que fique bem claro, não confundir a marcha da maconha com a liberação do consumo de drogas. Nada a ver uma coisa com a outra. No início do julgamento o relator do processo deixou isso nítido para todos. O STF julgaria o verdadeiro significado dessa marcha, julgaria a liberdade de expressão, julgaria se estava havendo o cerceamento de liberdades. Foi o que realmente fez. Em decisão unânime, nossos nobres ministros liberaram as manifestações em prol da cannabis. Decisão lógica e perfeita, não se está legalizando as drogas. Pelo contrário elas continuam ilegais, proibidas. Ao postar-se a favor de manifestações como esta, o STF preserva a constituição brasileira, garante a todos os cidadãos o sagrado direito externar seus pensamentos. Com posições técnicas como esta, o STF dá um basta às tentativas de censura, às investidas contra as liberdades individuais.

Num país que se julga democrático todos os setores da sociedade podem e devem manifestar-se. E não alimentemos a ilusão de que o país está sendo governado em favor das minorias em detrimento das maiorias. É preservando os direitos das minorias que se garante direitos universais, pois não são todos os cidadãos que têm a coragem de lutar por seus direitos. Os que são contra a maconha, pois, então, façam a marcha contra a maconha. É dessa maneira que um estado democrático avança. AS leis não são alteradas com manifestações, mas, sim, com discussões, com debates acalorados e conscientes, com debates em que todos expõem suas opiniões. O que for o melhor para a sociedade tem de prevalecer, e as liberdades individuais são o melhor para um povo... Respeitemos uns aos outros... Respeitemos o que o outro pensa, mesmo que não concordemos com seus pensamentos...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Kassab dá dinheiro do povo ao Corinthians.



Brasileiros, prestem atenção. E vejam como os políticos gostam de brincar com o dinheiro do povo. - Manchete do Estadão: “Kassab dá R$ 420 milhões ao Corinthians” – O jornalista Diego Zanchetta revela em sua bela matéria que o prefeito Gilberto Kassab está propondo a concessão de uma isenção fiscal no valor de R$ 420 milhões ao Corinthians. O projeto ainda terá de ser aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo. Mas não há dúvidas de que será aprovado, pois o prefeito tem a maioria dos vereadores ao seu lado. Portanto, brevemente, o Corinthians desfrutará do dinheiro do povo.

Querem dar um estádio ao Corinthians de qualquer forma. Primeiro tentaram o BNDES, mas, parece que está difícil, o banco quer garantias. Como não conseguiram garantias por vias privadas, agora tentam ludibriar a população oferecendo as garantias do banco Votorantin. Sabe-se que o banco Votorantin é de propriedade do banco do Brasil. Quem manda no Votorantin é o banco do Brasil, ou seja, o governo federal. 

O valor do abono concedido ao Corinthians será o maior da história da prefeitura de São Paulo. O empréstimo, obtido junto ao BNDES, pelo visto será o maior da história do país. Pelo menos o maior concedido a um clube de futebol. Detalhe, o dinheiro do BNDES não deveria ser investido em construções que não dessem retorno a população do Brasil. O novo estádio dará prestígio e badalação ao Corinthians. Para um clube que tem um passivo gigantesco, corre-se o risco de o povo morrer com mais esta perda nas mãos. Aliás, sob a administração petista, o BNDES tem se especializado em empréstimos esdrúxulos. Vide empréstimos para a Venezuela, Equador e fábricas na Argentina. Para ficarmos apenas nesses exemplos.

O kassab é um político oportunista. Criou um partido novo, pois sabe que sua candidatura seria muito difícil se continuasse no DEM. Tentou uma obra faraônica com a idéia do Piritubão, um estádio novo para a copa. Entretanto, sua idéia não vingou. Ele quer algo grandioso em que tenha participado, algo para lhe dar condições de vencer as leições para o estado em 2014. Creio que kassab esqueceu-se de uma coisa, a população de São Paulo, ao que parece, não está totalmente a favor deste projeto, algo em torno de 70% contra. Ele terá de disputar os 30% restantes com o PT de Lula que foi o mentor da idéia do estádio. Alguma chance de ele ser governador?

De politicagens em politicagens, os políticos vão brincando com a inteligência do povo. Até quando? Esta é a pergunta que não quer calar...

A matéria do Estadão pode ser lida pelo link:


http://www.estadao.com.br/estadodehoje/20110611/not_imp730937,0.php

sexta-feira, 10 de junho de 2011

A novela chegou ao seu final: Cesare Battisti está livre.



O caso Cesare Battisti chegou ao seu desfecho final. Nada de surpreendente. Uma decisão, tomada pela Suprema Corte deste país, óbvia e lógica. Evidentemente esta decisão é conseqüência de outra anterior. Portanto, uma decisão acertada da Suprema Corte, pois, apesar de liberar a extradição de Battisti, ela deixou o destino do “ex-ativista” a cargo da presidência da República. Acertada, entretanto, o assunto merece uma análise um pouco mais detalhada.

Em outro post neste blog, eu afirmei que a decisão de Lula, então presidente, não poderia ser contestada. Por um simples motivo. Uma vez que a responsabilidade caíra em suas mãos, o próprio tratado Brasil/Itália lhe dava múltiplas possibilidades de interpretação. Há vários artigos com os quais ele poderia justificar a sua decisão. Dito e feito. Sabe-se também que o governo que estiver no poder sempre pautará suas decisões ideologicamente. Foi o que ocorreu, o governo brasileiro valeu-se da ideologia política, e considerou Battisti um “ex-ativista”, um perseguido político. Esta simples análise fez com que os militantes petistas mais exaltados pusessem o meu escalpo a prêmio. Natural, pois, nos dias de hoje, há um imenso patrulhamento. Mas se lessem o meu texto mais atentamente veriam que não se tratava de uma crítica e sim da exposição de um fato.

Do ponto de vista jurídico há “controvérsias”. Mas a Suprema corte não atropelou a constituição como dizem por aí, pelo menos nem tanto. Primeiro de tudo, nossa carta magna não admite certas penas e uma delas é justamente a prisão perpétua. Para se entender um pouco mais selecionei alguns itens da constituição:

A extradição está definida nos artigos 76 a 94 do Estatuto do Estrangeiro, e constitui uma faculdade do País concedê-la (“poderá ser”), como se depreende do art.76: “A extradição poderá ser concedida quando o governo requerente se fundamentar em tratado, ou quando prometer ao Brasil a reciprocidade”. Baseia-se, pois, em pedido de governo estrangeiro, fundamentado em tratado existente com o Brasil ou em compromisso de reciprocidade.

A legislação brasileira é taxativa quanto às situações em que a extradição não será concedida (art. 77):

I – se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa nacionalidade se verificar após o fato que motivar o pedido;

II – quando o fato que está à base do pedido não for crime no Brasil ou no Estado requerente;

III – nos casos em que o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando;

IV – se a pena imposta pela lei brasileira para o crime for igual ou inferior a um ano;

V – no caso em que o extraditando estiver respondendo processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se funda o pedido de extradição;

VI – quando estiver a extinta a punibilidade pela prescrição de acordo com a lei brasileira ou a do Estado requerente;

VII – se o for pedida com base em crime político; mas essa exceção não impedirá a extradição, quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir o fato principal;

VIII – se o extraditando tiver que responder, no Estado requerente, perante um Tribunal ou Juízo de Exceção.

A apreciação do caráter da infração alegada pelo Estado requerente é de competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal (Art. 77, parágrafo 2º).

Ao que parece o Supremo analisou os fatos e na primeira vez julgou que Battisti poderia ser extraditado, mas passou o bastão ao presidente Lula. Nesse detalhe eu penso que a Suprema corte foi mais política que técnica, pois criou uma jurisprudência “como nunca antes na história deste país”.

Quanto ao senhor Cesare Battisti, bem, na minha concepção trata-se de um canalha, um criminoso e em hipótese alguma esta figura deve ser chamada de ex-ativista. Como sempre defendi que os torturadores da ditadura deveriam ser punidos, defendo que os guerrilheiros que cometeram atrocidades em nome da revolução também devem ser punidos. Entretanto, a nossa constituição e a lei da anistia não permitem isso. Em princípio essas leis salvaram o pescoço de Cesare Battisti. Lembram-se de Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que abandonaram a seleção cubana antes mesmo de participarem dos Jogos Pan-Americanos no Rio, e foram deportados? Pois bem, eu gostaria que o Lula tivesse tido o mesmo ato solidário com eles. É uma questão ideológica ou não é?

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Encontro de amigos.

Um ótimo texto reflexivo, porém, não conheço o autor. Se alguém souber, peço que me informem, por gentileza. Obrigado

Um grupo de amigos de 40 anos discutiam e discutiam para escolher o restaurante onde iriam encontrar-se para jantar. Finalmente decidiram-se pelo Restaurante “O Caipira” porque as empregadas usavam mini-saias e blusas muito decotadas.

10 anos mais tarde, aos 50 anos, o grupo reuniu-se novamente e mais uma vez discutiram e discutiram para escolher o restaurante. Finalmente decidiram-se pelo Restaurante “O Caipira” porque a comida era muito boa a havia uma ótima seleção de vinhos. 

10 anos mais tarde, aos 60 anos, o grupo reuniu-se novamente e mais uma vez discutiram e discutiram para escolher o restaurante. Finalmente decidiram-se pelo Restaurante “O Caipira” porque ali podiam comer em paz e sossego e havia sala de fumantes. 

10 anos mais tarde, aos 70 anos, o grupo reuniu-se novamente e mais uma vez discutiram e discutiram para escolher o restaurante. Finalmente decidiram-se pelo Restaurante “O Caipira” porque lá havia uma rampa para cadeiras de rodas e até um pequeno elevador.

10 anos mais tarde, aos 80 anos, os remanescentes do grupo, reuniram-se novamente e mais uma vez discutiram e discutiram para escolher o restaurante. Finalmente decidiram-se pelo Restaurante “O Caipira”. Todos acharam que era uma grande idéia porque nunca tinham estado lá antes.

Os políticos são o espelho da sociedade.

      O nosso problema não está no fato de o país ser unitário ou federado, de ele ser república ou monarquia, de ele ser presidenciali...