terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Brasil em 22 anos...




Faremos aqui uma breve explanação de nossa recente história. Falo do Brasil democrático, do Brasil dono de seu próprio nariz, Brasil de um povo que pode decidir os seus rumos.

O ano era 1989, o país encontrava-se em ano eleitoral, o povo tinha a sua primeira experiência eleitoral no âmbito nacional. A primeira anos após a queda da democracia, queda essa que aconteceu com um golpe militar, do qual todos sabemos a história. Havia dois candidatos principais, Lula e Fernando Collor de Mello. Lula o esquerdista, Collor o homem da direita. Lula o candidato dos sindicatos e Collor o homem das elites. Com a queda do “Muro de Berlim” a então URSS mostrou o seu verdadeiro esqueleto, revelando para o mundo que o Socialismo não era nada do que pensávamos. A esquerda não tinha chances diante de um Collor agressivo em suas atitudes e com discurso aventando mudanças na condução da nação. Ganhou o Collor. Foi a melhor escolha?

O ano era 1994, o País vinha de uma pane geral, estava quebrado. Dessa vez a polarização estava em Lula e Fernando Henrique Cardoso. Lula com um discurso antigo, um discurso que assustava até a mais ingênua das almas, Fernando Henrique Cardoso o candidato do “Plano Real”, da esperança. Ganhou Fernando Henrique Cardoso. Foi a melhor escolha?

O ano era 1998, o país estava se recuperando aos poucos. Novamente a polarização se deu entre Lula e Fernando Henrique Cardoso. Lula não mudava o discurso e dessa vez atacou o “Plano Real”, atitude suicida, Fernando Henrique com o mesmo discurso não encontrou problemas para derrotá-lo já no primeiro turno. Foi a melhor escolha?

O ano era 2002, o país enfrentava grandes crises mundiais e estava estacionado, estava preparado para crescer, mas não crescia de vido às crises que tivera de enfrentar. Desta feita Lula tinha pela frente um novo adversário, José Serra, candidato da situação. Lula cansou-se de utilizar o mesmo discurso e mudou radicalmente o seu programa de governo aceitando as regras do jogo. José Serra renegou as conquistas de Fernando Henrique Cardoso, deixando transparecer o seu afastamento em relação ao presidente, tática que não deu certo e culminou com a eleição de Lula. Foi a melhor escolha?

O ano era 2006, o país voltara a crescer, os rumos da economia davam sinais de melhora. Dessa vez Lula encontrava com um novo adversário, Geraldo Alckimin. Lula com a economia indo bem, mas com vários casos de corrupção em seu governo teve dificuldade em postar-se em sua campanha. Geraldo Alkimin por sua vez facilitou as coisas para Lula cometendo os mesmos erros de José Serra, o erro de acovardar-se diante das investidas de Lula. Lula levou mais uma. Foi a melhor escolha?

Estamos em 2010, o país vem num processo de melhora. Agora o pleito, tudo indica, será decidido por Dilma Rousseff e José Serra. A candidata Dilma colou sua imagem a de Lula e tenta surfar em sua popularidade. José Serra não aprendeu até hoje que renegar os seus feitos só o prejudica. Será que o povo escolherá certo?

Para respondermos os parágrafos anteriores devemos fazer como Chico picadinho, vamos por partes.

Com Collor eleito o Brasil entrou numa nova fase de sua história. Ele assumiu uma nação em pedaços, quem viveu na época sabe do que estou falando. Um país que necessitava de um choque de gestão para que pudesse entrar nos trilhos novamente, mas não foi isso que ocorreu. Com um plano econômico desastroso, Collor acabou de enterrar o restinho de esperança que nos restava. Confiscou-se o dinheiro em circulação no mercado na tentativa de acabar com a inflação, Collor acabou com a economia como um todo. Somando-se a isso ele não soube se utilizar dos meandros do poder. Pensou que governaria sozinho, sem alianças, isso foi a sua ruína, logo começaram aparecer denúncias contra ele e seu secretário, Paulo César Farias. Isolado, sem apoio político, sofrendo pressões da sociedade (Centrais Sindicais e UNE), Collor sofreu um processo de impeachment que culminou com sua renúncia. Mas de nada adiantou, Collor teve seus direitos políticos cassados por oito anos. Quem assumiu em seu lugar foi Itamar Franco, o Homem da transição, o homem que deu tranqüilidade para que se implantasse o “Plano Real”. Quando Fernando Collor foi absolvido pelo STF, em dezembro de 1994, Lula saiu-se com este pronunciamento:

"Como cidadão brasileiro que tanto lutou para fazer a ética prevalecer na política, estou frustrado, possivelmente como milhões de brasileiros. Só espero que não apareça um trambiqueiro querendo anistiar Collor da condenação imposta pelo Senado".

Como podemos observar a situação hoje é outra, Lula e Collor andam de braços dados, vejam, em 2009, este outro pronunciamento.

"Quero fazer justiça aos senadores Fernando Collor e Renan Calheiros, que têm dado uma sustentação muito grande aos trabalhos do governo no Senado".

Neste caso o povo foi absolvido pela história, pois, ganhasse Collor ou Lula, a culpa não seria do povo. Nenhum deles possuía condições de governar o Brasil, explico: Lula, por razões óbvias, não estava preparado. Fernando Collor era fruto da manipulação a que foi submetida a população brasileira na época.

Com a posse de Fernando Henrique o Brasil precisava das reformas que deveriam ter sido feitas lá atrás. Fernando Henrique as fez em parte, ele recuperou a economia do Brasil. Acabou com a infração através do “Plano Real”. Com o PROER consegui reestruturar o sistema financeiro. Com as privatizações o Brasil parou de jogar dinheiro pelo ralo das estatais e pode enfim faturar com impostos sobre a produção destas mesmas estatais. Com a lei de responsabilidade fiscal ele deu uma organizada em toda a administração pública no Brasil. Com a rolagem da divida de estados e municípios o país conseguiu fôlego para se preparar para o futuro, digo crescimento. Através de mecanismos como superávit primário e metas de inflação ele impôs regras para o perfeito andamento da economia. Com o cambio flutuante a nossa moeda pode ter o seu real valor de mercado deixando de lado o controle do estado sobre a moeda. Mas FHC enfrentou várias crises durante o seu segundo mandato, crises que não deixaram o país crescer. Começaram em suas gestões, programas destinados a inclusão social como o vale gás, o bolsa escola entre outros, mas não pode aumentar os salários como deveria, principalmente o salário mínimo. FHC não concluiu todas as reformas necessárias para que pudéssemos crescer plenamente, ficaram para trás a reforma burocrática e a reforma tributaria.

No caso de Fernando Henrique Cardoso o povo mostrou-se sábio e escolheu o homem perfeito para o momento. Um momento crucial da história, um momento em que se errasse teria mais uma década perdida.

Com a posse de Lula muitas dúvidas vieram à tona, entre elas a de que se ele daria continuidade ao andamento da economia iniciado por Fernando Henrique Cardoso. O povo queria mudanças, mas não queria perder conquistas. E o Lula correspondeu às expectativas. No Primeiro mandato ele começou os aumentos no salário mínimo e deu prosseguimento ao plano econômico mantendo todas as metas econômicas e no segundo mandato já com dinheiro em caixa pôde aumentar o crédito, atuando aí na microeconomia, mas não deu seqüência nas reformas, deixando para trás a reforma burocrática e a reforma tributária. Na área social Lula avançou consideravelmente, unificou os programas sociais de FHC e os colocou sob o mesmo nome, o Bolsa Família, criou o PROUNI entre outros. Mas enfrentou em seus mandatos escândalos de corrupção nunca vistos na história da República brasileira. Com o Lula respeitando as regras do jogo e fazendo o dever de casa, deixou de existir o fantasma especulativo. Uma seqüência de anos sem crises ajudaram em muito para que o Brasil voltasse a crescer e conseguisse fortalecer a sua economia.

No caso de Lula o povo acertou e qual fossem as escolhas nos pleitos, o povo teria acertado, pois, as bases para crescimento estavam montadas, montadas por Fernando Henrique Cardoso.

Agora com Serra e Dilma ganhe quem ganhe o Brasil só tende a crescer desde que sigam os passos da austeridade e com o pulso firme no controle dos gastos públicos respeitando sempre os mecanismos implantados há dezesseis anos. Que o povo escolha a melhor opção.

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