terça-feira, 2 de novembro de 2010

Preconceito e discriminação no país do futebol.




Peço a todos que assistam a este vídeo do ótimo programa - "A Liga" - que foi ao ar no dia 17/08/2010 e analisem a nossa situação atual. Ficam-nos algumas perguntas, nós no Brasil somos ou não somos preconceituosos? Há ou não há discriminação entre nós? É para se pensar!

O Brasileiro ao longo da história tem se auto-intitulado de não-racista e não-preconceituoso, mas somos, realmente, o que pregamos? Faço esta pergunta, porque a realidade brasileira parece diferente, o dia-a-dia dos brasileiros que sofrem na pele a discriminação e o preconceito com certeza não vivem esse mar de rosas. O país em que somos todos iguais perante a constituição existe apenas no papel. Na prática a história é outra bem diferente.

Percebam que a discriminação existe em função do preconceito, a discriminação neste caso não teria sentido algum se não fosse desencadeada pelo preconceito que abrange uma boa parcela da sociedade. Toda vez que humilhamos alguém por causa da sua raça, cor, crédulo ou condição física e mental, o fazemos somente porque somos preconceituosos.

Numa nação em que haja discriminação e preconceito não se consegue de forma alguma atingir a plena igualdade entre seus cidadãos, cito todas as nações do mundo, pois, não existe uma nação que possa se declarar não-racista e não-preconceituosa. Se fizermos uma analogia com a medicina podemos classificar este mal de cancro, um mal que mina a sociedade aos poucos, algo que, infelizmente, não tem cura, pois, não se consegue acabar com a discriminação e o preconceito simplesmente ditando leis e políticas para amenizar a situação, apenas amenizamos e não acabamos com a discriminação e o preconceito. O motivo é simples o caráter, a índole e principalmente os sentimentos não podem ser mudados com a simples assinatura de um papel.

A situação do racismo brasileiro, em relação a cor, é um pouco mais complicada, pois, não se sabe ao certo quem é realmente branco ou realmente negro. Acontecem situações esdrúxulas, como negro discriminando negro, pardo discriminando pardo, mas a discriminação/preconceito não está relacionada a cor ou raça, ela existe contra os deficientes físicos, homossexuais e contra a pobreza.

Por isso a necessidade de impormos cotas e leis para coibição da discriminação, já que o preconceito existe e não se pode acabar com ele com um decreto-lei. Muito se discute em nossa sociedade sobre qual o melhor modelo de cotas a ser adotado, se o de cotas raciais ou cotas sociais. Fossemos nós uma sociedade rica, necessitaríamos apenas de cotas para vagas em bons empregos e leis para coibir a discriminação, pois, em nosso país existiria um sistema público de ensino que deixaria tanto brancos, negros e pobres em reais condições de ingressar numa universidade pública, usando apenas o mérito e não as cotas, sejam elas raciais ou sociais.

O dilema é grande e rende muita polêmica sobre o futuro do Brasil, usaremos o sistema de cotas na sua plenitude ou ficaremos no meio-termo com uma política que não adota nem uma coisa e nem outra. Polêmicas à parte, mas o fato é um só, na atualidade, o Brasil precisa do Sistema de cotas e para quem acha que não há discriminação é só morar numa favela, por exemplo, lá ele poderá mudar de opinião!



Um comentário:

  1. Gerci, "EDUCAR É PRECISO". Tomo a liberdade de postar aqui trechos de um artigo meu sobre o tema:

    Inteligência Social

    Sunday, August 5th, 2007
    Li recentemente um artigo no Times sobre o lançamento de mais um daqueles livros que ficam criando teses para encontrar as causas dos preconceitos. Neste caso tratava-se de um estudo sobre a escravidão negra. Uma tentativa pobre de dar sentimento de orgulho aos negros, pelo tanto que colaboraram na formação da riqueza dos brancos. Em paralelo, procurando as causas dos sentimentos de inferioridade que os descendentes de escravos carregam consigo, segundo o autor, tais sentimentos marcam o caráter dos negros, levando-os ao servilismo e à manifestação daquelas características que podem sentir coladas em sua pele, que os brancos lhes impingiram através dos tempos.

    Lí à mesma época, “O caçador de Pipas”, romance vivido no Afeganistão, Paquistão e Estados Unidos da América do Norte. O personagem central vinha de uma familia servida pelos “Hazaras”, um povo que foi levado escravo para o Afeganistão. E aqui a velha história de preconceitos acumulados se repete, os mesmos traços de servilismo tornando-se perceptíveis.
    Havendo respeito elimina-se aquele sentimento negativo que nutrimos por quem, por alguma razão, seja rotulado como inferior. Assim crescí perceptiva ao modo de ser de outros seres humanos. Posso concluir que as pessoas respondem positiva ou negativamente, conforme o tratamento que recebem de seus semelhantes. Isto parece óbvio! Só que agora com um respaldo científico, baseado em estudos feitos pelo cientista social Daniel Goleman e publicados em seu novo livro “Inteligência social”.

    Segundo Goleman, nosso cérebro é programado para transmitir e captar sentimentos. Estamos todos envolvidos numa permanente comunicação cerebral, que se reflete em milésimos de segundos através de gestos e expressões. É assim, que perdurando dentro de um processo cultural, qualquer conceito sobre o “outro” se refletirá nas nossas comunicações, mesmo nas silenciosas. E a resposta do “outro” confirmará e reforçará aquele conceito em função da conexão que foi criada em nossos cérebros.

    Estas conclusões nos ensinam que ao manifestarmos sentimentos negativos sobre grupos ou indivíduos, estas características tenderão à perpetuação. As matrizes étnicas, religiosas, e psicopolíticas são forjadas pelos homens. Não eram parte da nossa genética para a qual existia uma programação para sermos racionais e solidários. A natureza humana foi se transformando na medida em que fomos nos organizando socialmente. Daí foram surgindo os grupos sociais, que de acôrdo com suas expectativas foram criando regras para as relações humanas, e, dado a existência de determinados fatôres como o desejo ou necessidade de relevãncia social, levaram as sociedades a se dividirem em classes. Os resultados já conhecemos. Tornamo-nos competitivos e o seu acirramento gerou as matrizes negativas que acentuam nossas diferenças.

    A Educação terá que reverter o que somos atualmente. Já em seu primeiro livro “Inteligência Emocional”, Daniel Goleman conclama os professores para que treinem seus alunos no controle de suas emoções desenvolvendo seu lado racional. Em sua obra atual ele afirma, que de posse do conhecimento de que temos uma inteligência social que pode ser treinada e reeducada na forma de sentirmos e transmitirmos nossos sentimentos em relação aos nossos semelhantes, para que as relações humanas sejam harmoniosas e se libertem dos preconceitos herdados socialmente.

    O ethos do brasileiro deve ser modificado através de uma Educação isenta das ideologias que geram preconceitos. Na medida em que as ciências sociais mapeiam nosso cérebro e desenvolvem métodos para programá-lo, não se justifica que o Homem atual não use os potenciais de sua mente para se libertar dos preconceitos.

    20/03/2007

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