segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Tropa de elite II e o Rio de Janeiro, tudo a ver!

Como canta o maravilhoso Gilberto Gil, o Rio de Janeiro continua lindo! Terra de cenário único, abençoada por Deus e um povo orgulhoso de ser carioca. Palco perfeito para um paraíso nos trópicos, mas não é isso que observamos. A cidade maravilhosa tinha e tem tudo para ser uma Sidney brasileira, mas não passa de uma Joanesburgo tupiniquim.

Em “Tropa de Elite II”, José Padilha (melhor cineasta brasileiro ao lado de Fernando Meirelles) faz um retrato quase que fiel da sociedade carioca. Não o faz fielmente porque “Tropa de Elite II” é um filme e não um documentário, se fosse um mero documentário perderia a magia, o enredo e se tornaria apenas uma narração da vida, do cotidiano carioca.

Um filme brilhante. Um enredo bem elaborado que prende o espectador desde o primeiro até o último minuto do longa-metragem em questão. No filme, Padilha escancara as entranhas da sociedade carioca. Revela a promiscuidade entre o tráfico e a polícia, o mundo podre da política e, como sempre, a exploração da população humilde dos morros.

Nos últimos dias a população brasileira e o mundo têm acompanhado com perplexidade aos acontecimentos ocorridos na cidade maravilhosa. Mas por que o estopim? O que gerou a onda de ataques da qual toda a população foi vítima? Bem, primeiro a falência do estado fluminense. Depois, a arrogância a que chegaram os traficantes. Arrogância em pensar que poderiam mostrar forças para todo o estado, saindo dos morros e aterrorizando o resto da população. A população do Rio de Janeiro sentiu na pele a dor e provou do gosto amargo do infortúnio que acometeu os paulistas em anos anteriores.

Uma hora ou outra daria nisso. A culpa pelo crime desenfreado é única e exclusivamente do estado. Com políticas de segregação social e populismo. Segregação porque não é dada aos mais humildes a oportunidade de crescerem enquanto cidadãos. Populismo porque para o estado é conveniente uma massa populacional totalmente manipulável. Daí o motivo de se amontoarem pessoas nos morros. Seres humanos vivem nos morros cariocas sem a menor condição de vida. São lastimáveis as condições a que são submetidos cidadãos, os quais os votos têm o mesmo peso dos votos dos endinheirados da Vieira Souto.

Alegam os administradores que, viver nas favelas do Rio, hoje em dia, é uma maravilha se compararmos aos tempos idos. Mas o que se vê é completamente o contrário. Não há esgoto na maior parte dos morros. Água, luz, telefone e internet sobem o morro pela mesma via, colocando em risco toda a população dos morros. Seres humanos vivem juntos com o lixo que não é coletado devidamente pela prefeitura. Com uma renda média de R$ 500,00, para quem trabalha, fica difícil um jovem adolescente resistir ao assédio do crime organizado.

Sabemos que os políticos do Rio não podem falar uns dos outros porque todos são culpados pelo que acontece agora. O PDT, o DEM e o PMDB tiveram de uma forma ou de outra, as suas chances. Quando a cidade do Rio de Janeiro teve a oportunidade de dar a seus cidadãos mais humildes condições de vida dignas, o nosso eterno caudilho (Leonel Brizola) nada fez, pior, incentivou a ocupação dos morros. Mais tarde vieram os outros que só contribuíram para que chegássemos ao caos de hoje.

Nas favelas do Rio ganha-se eleição construindo quadras para a população, o retrato disso foi a campanha de Dilma Rousseff. Não a critico, todos fazem a mesma coisa. Mas vamos abordar um tema espinhoso. O envolvimento das forças armadas nas invasões. Amparados pelo apoio popular, ordenaram que a marinha e o exército desempenhassem um papel que não lhes cabe. Atuar como polícia nunca foi atribuição das forças armadas de nenhuma nação que se julgue estar em paz. O último desfile de tanques por nossas ruas e avenidas, bem, todos lembramos como foi o desfecho. E a guarda nacional criada por Lula onde se encontra? Tanto marketing em torno dela e no momento em que os cidadãos brasileiros precisam de seus préstimos, onde está? Com a palavra nossos governantes.

Ouvi muitos formadores de opinião dizendo que tem de meter bala mesmo, comparando o episódio do Rio de Janeiro ao acontecido em 1992 com os detentos do Carandiru. Tanto nas favelas quanto no Carandiru é dever do estado preservar a vida. Nas favelas do Rio, a vida em questão é a dos cidadãos de bem, pois, todos nós sabemos que mais de 90% da população dos morros é constituída de homens e mulheres decentes, pobres, mas decentes, que não se confunda isso. No Carandiru, apesar de sabermos não se tratar de santinhos, não havia nenhum Mahatma Gandhi ali, mas é dever do estado dar condições dignas a todos os cidadãos e nós sabemos quais eram as condições em que viviam os presidiários.

Enquanto o estado brasileiro esquecer-se de seus cidadãos, nós continuaremos a ter em nosso convívio, traficantes e todo o tipo de mazelas que só fazem corroer o cerne da sociedade brasileira. Uma prova cabal do que estou externando aqui é o fato de as autoridades estarem preocupadas com as olimpíadas e com a copa do mundo. Estão preocupados com a imagem do Rio de Janeiro para esses eventos. Mas e com os milhares de cidadãos que até hoje não tiveram a menor consideração por parte de seus governantes, como é que ficam? Eles só têm valor na hora do voto? No Brasil, o brasileiro é realmente brasileiro diante da urna, neste momento ele tem a atenção que lhe é devida. Nesta semana eu vi no twitter e no facebook vários logotipos com a frase “I Love Rio”. Bonito, maravilhoso! Mas quantos destes senhores e senhoras, moços e moças que prestam sua solidariedade, já deram um tapinha, já puxaram uma carreirinha, hein? Pense bem, se você não deve então o que faz é belo e merece aplausos. Mas se você contribui ou já contribuiu com o narcotráfico, pare! De hipocrisia os humildes dos morros cariocas não precisam, eles dispensam.


Trailer Tropa de Elite 2



Cenas reais

5 comentários:

  1. A situação do Rio é lamentável, para não se dizer vergonhosa. Como num filme vamos esperar o final feliz.
    Excelente post

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  2. Gerci,

    Sei que no post do meu blog eu fui bem veemente quanto a esse assunto, não nego não! Realmente, o que penso é que não é contra os presidiários e todos os criminosos que clamo pela severidade, mas para os "mafiosos", tanto os de varejo como os atacadistas.

    Tantos outros cidadãos de bem que, ainda sob condições de martírio, conseguiram vencer na vida. Nada justifica a brutalidade com que eles assassinam pessoas, e queimam seus corpos, como se eles mesmos não tivessem mães e filhos.

    Outra coisa: sim, nós somos os culpados pelo Governo que aí se perpetua...mas nós escolhemos mesmo os ossos governantes?? Ou apenas optamos entre candidatos que quase ninguém "conhece" de verdade???

    Esse assunto deve render ainda um bom papo em muitos blogs e sites! Espero participar junto com você!!

    Grande abraço e parabéns por suas considerações acerca deste tópico!!

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  3. Parabéns pela excelente artigo, retrata uma realidade cruel, mas real, onde a maioria da população não tem voz e nem vez, em nosso país,todos aqueles que realmente produzem alguma coisa boa não têm a menor chance de desfrutar do lado bom da vida, apenas com uma observação, bandido não tem dó da vida de ninguém, então, não sei ele merece consideração, em nosso país a solução é privatizar as penitenciárias e fazer com que o preso coma e viva com o suor de seu rosto, assim como nós fazemos.

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  4. Concordo, e vejo que infelizmente, isso precisava ser feito. Talvez se fosse feito a tempos atrás, seria muito menos doloroso e muito mais fácil.

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  5. Rapaz... pensei ke fosse soh impressão minha knt a estranha coincidência entre Tropa de Elite 2 e a situação atual do Rio de Janeiro... foi inevitável não postar sobre. Agora percebo ke nao foi impressao soh minha huahauhaua

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Os políticos são o espelho da sociedade.

      O nosso problema não está no fato de o país ser unitário ou federado, de ele ser república ou monarquia, de ele ser presidenciali...